Por:

Respeito a todas às crenças

Evento teve presença de vários líderes religiosos e muitas manifestações pela fé | Foto: Henrique Esteves

No último fim de semana, foi realizada a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, que tradicionalmente acontece no 3° domingo do mês de setembro. A 16ª edição foi organizada pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), na orla da praia de Copacabana. No decorrer de todo o trajeto, que começou às 10h e seguiu até às 17h, começou no Posto 5 e encerrou no Posto 2, onde reuniu em torno de 100 mil pessoas.

Apesar de um dia muito quente, um mar de religiosos compareceram ao ato, que tiveram o suporte de posto com atendimento de saúde, além de equipes da CEDAE, entregando água para todos, a caminhada foi realizada com festa, tambores, dança, rezas, diversidade e pluralidade étnica e religiosa. Participaram grupos e representantes de diversos locais, oriundos da baixada, Campos, Macaé, Cabo Frio, Niterói e outros estados do país como: Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Segmentos culturais dividiram espaço nos trios para suas apresentações, enquanto representantes religiosos também debatiam sobre a importância pelo respeito e pela liberdade religiosa.

Grupos e artistas como Filhos de Gandhy, Mestre Kotoquinho, Folias de Reis, Regional do Biguá, Arca da Montanha Azul, União Cigana do Brasil, Luís Fernando Nery - Assessor da Presidência da Petrobras, Marinete Francisco e Antonio da Silva Neto - pais de Marielle Franco, Bruno Omilu, Tambores Urbanos, Mãe Miriam e Pai Nando, assim como representante da UNIFOA, OAB, da sociedade civil, entidades públicas e privadas, Jokotoye Awolade Bankole, chefe da família real de Onpetu, em Ogbomosho — cidade no Oyo/ sudoeste da Nigéria, Babalawô Dayo Awe, Jacques d'Adesky, parlamentares, entre outros, respaldando o evento.

"Essa caminhada é em memória à luta que ela empreendeu na defesa dos nossos povos. A presença hoje de praticantes de religiões de diferentes crenças, mostra que somos fortes. A igualdade e equidade, partem do princípio de que a humanidade é diversa e plural", disse o professor Dr. Babalâwo Ivanir dos Santos, interlocutor da CCIR.

Sobre a caminhada

A Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, surgiu no ano de 2008, em reação aos episódios de intolerância religiosa que aconteceram no Morro do Dendê. Após diversas manifestações públicas em defesa das liberdades religiosas e dos direitos de cultos pessoais, defensores das diversidades e membros de grupos sociais passaram a se unir e reunir, anualmente, para em prol da tolerância, para juntos, passassem a realizar o maior evento inter-religioso do Brasil.

"Essa caminhada não é dos religiosos. É uma caminhada em que os religiosos estão caminhando para uma pauta civil, de igualdade. Nós estamos aqui para termos igualdade, para termos liberdade e termos de fato um Estado laico. Quem nos ataca não conhece o que é Estado laico. Antes de tudo a liberdade religiosa é respeitar e ter conhecimento da outra crença", ressaltou Imã Ihtsham, vice-presidente da comunidade muçulmana.

Ou seja, a Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa é uma luta em benefício pela democracia, pelo estado laico, evidenciando a necessidade de priorizar o respeito à fé.

As bases do evento deste ano

Organizada pelo CEAP e pelo Observatório de Liberdades Religiosas (OLIR), com apoio da Representação da UNESCO no Brasil, foi lançado, em janeiro, o II Relatório sobre Intolerância Religiosa: Brasil, América Latina e Caribe Ele traz dados alarmantes sobre o crescimento do discurso de ódio. Uma média de três denúncias de intolerância religiosa por dia em 2022.