Cid retira tornozeleira e passa a cumprir medidas cautelares

Antes de finalizar julgamento de embargos, Moraes negou pedido de soltura de Braga Netto

Por Gabriela Gallo

Mauro Cid cumprirá dois anos de pena em regime aberto

Em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (3), o tenente-coronel Mauro Cid, delator do julgamento que trata do plano de golpe de Estado, retirou sua tornozeleira eletrônica. Na sessão, a Suprema Corte ainda o orientou como ele deverá seguir durante o cumprimento de sua pena de dois anos de prisão em regime aberto. Todo o processo foi conduzido por Flavia Martins de Carvalho, que é juíza auxiliar do ministro-relator da ação penal Alexandre de Moraes.

Dentre as medidas cautelares impostas ao ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está a proibição de sair de Brasília. Ele também deverá cumprir recolhimento domiciliar entre as 20h e as 6h – com recolhimento integral aos finais de semana, sem poder sair de casa. Ele ainda está proibido de portar armas, utilizar as redes sociais e se comunicar com investigados nos processos sobre a trama golpista.

Os advogados de defesa de Mauro Cid foram os únicos dos oitos condenados por integrarem o núcleo principal da trama golpista a não apresentarem embargos de declaração – recurso processual para solicitar que o juiz ou tribunal responsável pelo respectivo caso esclareça pontos omissos e contraditórios para corrigir erros materiais de decisões judiciais – da pena imposta pela Primeira Turma do Supremo.

Ao fechar o acordo de delação premiada, o militar recebeu uma pena de dois anos, muito inferior em comparação às demais dosimetrias impostas aos outros sete réus, que variam de 16 a 27 anos. Além da redução da pena, ele usufrui de alguns benefícios em comparação aos demais réus, como ter seus bens desbloqueados uma vez encerrado o julgamento, além de poder ter uma escolta de agentes da Polícia Federal (PF) para garantir a sua segurança e de familiares.

Braga Netto

Ainda nesta quarta-feira, o ministro Alexandre de Moraes determinou a manutenção da prisão do ex-ministro da Casa Civil durante a gestão Bolsonaro e também réu do núcleo principal do plano de golpe, general Walter Souza Braga Netto. Em sua decisão, o ministro do STF apontou risco de fuga de Braga Netto.

“O término do julgamento do mérito da presente ação penal e o fundado receio de fuga do réu, como vem ocorrendo reiteradamente em situações análogas nas condenações referentes ao dia 8/1/2023, autorizam a manutenção da prisão preventiva para garantia efetiva da aplicação da lei penal”, justificou Moraes.

O general da reserva está preso desde dezembro de 2024 com a acusação de obstruir as investigações pelo plano de golpe e, desde que foi decretada sua prisão preventiva, seus advogados apresentaram ao menos quatro pedidos para reverter a prisão, mas todos foram negados por Moraes.

A defesa de Braga Netto entregou no dia 28 de outubro, último dia para entregar os últimos recursos, embargos de declaração aos magistrados da Primeira Turma do STF. Nos embargos, a defesa questionou a credibilidade da delação-premiada de Mauro Cid, questionou a parcialidade de Alexandre de Moraes como relator do caso – visto que foi encontrado no plnao de golpe um plano para assassinar o magistrado, que na época presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – e alegaram que houve violação ao contraditório e à ampla defesa do general da reserva, visto que o acesso ao conjunto de provas digitais teria sido poucos dias antes do início das audiências, de acordo com a defesa.

Os ministros da Primeira Turma (Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia) começarão a julgar nesta sexta-feira (7) os embargos de declaração de todos os réus que apresentaram recursos. A sessão será no plenário virtual da Corte e deve ocorrer até o dia 14.