Lula tentará convencer Pacheco a disputar Minas Gerais
Senado pressiona para colocá-lo no STF, mas Lula prefere Jorge Messias na vaga
Após retornar ao Brasil, o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) deverá, ainda esta semana, se reunir com o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para discutir sobre a cadeira deixada por Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF), antes de definir, de fato, sua indicação.
Pacheco é o nome favorito pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e de uma ala do STF à vaga de ministro da Corte. Por outro lado, Lula acredita que o senador mineiro venceria as eleições de 2026 para assumir o governo do estado, comandado atualmente por Romeu Zema (Novo-MG). Lula precisa de um candidato forte no estado pela importância eleitoral que tem Minas Gerais.
“Voltar para casa”
No início deste ano, o senador do PSD negou uma possível vaga como ministro na reforma ministerial, pois estava ansioso com a possibilidade de se candidatar ao governo. À época, Pacheco disse que a decisão de recusar o ministério se deveu a uma necessidade pessoal de “voltar para casa”, ou seja, priorizar sua atuação no estado mineiro.
Depois disso, porém, Pacheco reavaliou a situação. Especialmente diante da possibilidade de vir a ser ministro do Supremo.
O vice-líder do governo, Jorge Kajuru (PSB-GO), chegou a declarar ao UOL que Lula sofreria uma derrota caso escolhesse o advogado-geral da União, Jorge Messias – nome preferido por Lula. Já o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), disse, em uma conversa com jornalistas, que o chefe do Executivo está convicto em sua decisão de escolher Messias.
Antes de viajar para o Sudeste Asiático, Lula chegou a conversar com Alcolumbre. O senador amapaense foi até o Palácio da Alvorada para defender o nome de Pacheco à Corte.
Caso Lula não escolha Pacheco, há a possibilidade de o Senado tentar prejudicar o nome de Messias na sabatina, visto que, para assumir a vaga, o indicado precisa ter seu nome aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois em plenário, com no mínimo 41 votos.
Para o advogado e cientista político em Brasília Melillo Dinis, a escolha de Lula será por grau de proximidade.
“E, nessa disputa, o que interessa ao presidente, especialmente nos últimos anos, é o grau de proximidade, é o grau de relação, é o grau de confiança que vai ter o futuro ministro e o próprio presidente da República. Ele tem trauma, ele tem muitos problemas, muitas questões que são decorrentes do Supremo Tribunal Federal”, disse.
Minas
Apesar da pressão de Lula, as pesquisas não mostram Pacheco como o preferido ao governo de Minas. Uma pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, realizada entre 1º e 5 de outubro com 1.505 eleitores em Minas Gerais, apontou que o nomes mais forte para suceder o governador Romeu Zema (Novo), que está no segundo mandato e não pode disputar a reeleição, é o senador Cleitinho (Republicanos). Segundo o levantamento, ele teria 40,6% das intenções de voto.
Em outro cenário, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PDT), aparece na liderança com 19,1%, seguido por Rodrigo Pacheco (PSD), com 17%. Já em uma terceira simulação, o ex-governador Aécio Neves (PSDB) surge em primeiro lugar, com 21,4%, à frente de Kalil e da prefeita de Contagem, Marília Campos (PT).
O atual vice-governador, Mateus Simões (Novo), indicado por Zema como seu sucessor natural, tem desempenho fraco em todos os cenários, ficando nas últimas posições.