Boulos toma posse como novo ministro da Secretaria-Geral

Com a tarefa de coordenar aproximação com movimentos sociais, ele disse que ‘missão é colocar governo na rua’

Por Gabriela Gallo

Boulos disse que sua missão será "percorrer as ruas" divulgando as ações do governo

Após ser nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência, o então deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) tomou posse do cargo nesta quarta-feira (29) em cerimônia no Palácio do Planalto. Ele assumiu no lugar de Márcio Macêdo. Ex-coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) e uma das principais lideranças do movimento, Boulos assume a pasta que é responsável pela relação do governo com movimentos sociais e diferentes segmentos da sociedade civil. A expectativa é que o ministro possa promover a mobilização das bases, já mirando na campanha para a reeleição de Lula em 2026.

Em seu discurso de posse, Guilherme Boulos destacou que, dentre as suas “missões” designadas pela Presidência, ele será responsável por ajudar a “colocar o governo na rua”.

“Rodar todos os cantos deste país, ouvir as pessoas, conversar olho no olho, ter a humildade de ouvir críticas e, ao mesmo tempo, apresentar o que o nosso governo tem feito pelo povo brasileiro”, ele detalhou.

O novo secretário-geral da Presidência ainda reiterou que trabalhará para que a população possa contribuir mais na construção de políticas públicas eficazes. “A proposta é dialogar com todo mundo, não só com quem já concorda com a gente. Porque a gente sabe que as políticas que mudam a vida das pessoas, elas não nascem só de palácios e só de gabinetes. Elas nascem do povo, dos territórios populares, elas nascem das ruas”, afirmou.

Porém, o novo ministro reiterou que, apesar de buscar dialogar com todos os lados do país, “não tem diálogo com quem ataca a democracia e trai o Brasil”.

“Com esses não tem diálogo. Eles queriam ver a gente morto”, afirmou.

Ao Correio da Manhã, a cientista política e especialista em Legislativo da BMJ Consultores Associados Letícia Mendes destacou que em sua atuação frente a pasta, Boulos deve usar mais das redes sociais para tentar movimentar a população em pautas de interesse do governo.

“Um dos grandes últimos eventos foram as manifestações contra a PEC da Blindagem [que determinava que parlamentares só poderiam ser julgados por outros congressistas] e contra o PL da anistia [que concede anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos contra as sedes dos três poderes em 8 de janeiro de 2023]. O presidente Lula vai querer se aproveitar de todo aparato que o pessoal do Psol tem e principalmente que o Guilherme Boulos possui para poder fortalecer esse lado”, ela disse.

Dentre as pautas de interesse do governo que Boulos deve se desdobrar com a sociedade civil está o fim da escala de trabalho 6X1 (que consiste na pessoa trabalhar seis dias da semana e ter um dia da semana de folga) e negociar os direitos de trabalhadores informais – como motoristas de aplicativo de carona, entregadores por aplicativo e microempreendedores.

Crime Organizado

Logo no início de seu discurso, Boulos pediu um minuto de silêncio pelos mortos no Rio de Janeiro, em decorrência da Megaoperação das forças de segurança do estado, deflagrada nesta terça-feira (28), contra o crime organizado na capital. “Queria pedir que todos nós fizéssemos um minuto de silêncio por todas as vítimas dessa operação do Rio de Janeiro. Policiais, moradores, todos eles”, disse Boulos. Até o fechamento desta reportagem, foram registradas ao menos 119 óbitos, incluindo quatro policiais.

“Tenho orgulho de fazer parte do governo do presidente que sabe que a cabeça do crime organizado deste país não está no barraco de uma favela, muitas vezes está na lavagem de dinheiro lá na Faria Lima, como vimos na Operação Carbono Oculto da Polícia Federal”, declarou, referindo-se à operação da Polícia Federal que identificou o envolvimento do crime organizado e lavagem de dinheiro em empresas na rua de São Paulo que concentra boa parte do mercado financeiro.