STF julga "núcleo da desinformação" nesta terça-feira

Moraes negou pedido de defesa de Bolsonaro para revogar prisão domiciliar, mas autorizou atendimento médico domiciliar

Por Gabriela Gallo

Moraes alegou risco de fuga para manter prisão domiciliar de Bolsonaro

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) dá continuidade aos julgamentos dos réus envolvidos no plano de tentativa de golpe de Estado. Nesta terça-feira (14), os cinco ministros que compõem a turma (Flávio Dino, Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux) iniciarão o julgamento dos sete réus que compõem o núcleo quatro da trama golpista. Segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), os envolvidos no núcleo quatro eram responsáveis por espalhar notícias falsas e desinformações acerca do processo eleitoral e das urnas eletrônicas para proferir ataques a instituições e autoridades.

Este é o segundo grupo da trama golpista a ser julgado pelo Supremo. As sessões estão agendadas para esta terça e quarta-feiras (15) e para terça e quarta-feiras da próxima semana (respectivamente, 21 e 22). Nas terças-feiras, serão duas sessões por dia, uma das 9h à 12h e outra das 14h às 19h, e nas quartas-feiras estão previstas apenas sessões no período da manhã. Após o julgamento do núcleo quatro, o próximo julgamento será voltado para os dez réus do núcleo três (o militar) na semana de 11 de novembro a 19 de novembro. O julgamento dos seis réus do núcleo dois (principais assessores) está agendado para os dias 9, 10, 16 e 17 de dezembro.

Os réus do núcleo quatro que serão julgados são: o ex-major do Exército Ailton Moraes Barros; o major da reserva do Exército Ângelo Denicoli; o presidente do Instituto Voto Legal, Carlos Cesar Moretzsohn Rocha; o subtenente do Exército Giancarlo Rodrigues; o tenente-coronel do Exército Guilherme Almeida; o coronel do Exército Reginaldo Abreu; e o agente da Polícia Federal (PF) Marcelo Bormevet.

Bolsonaro

Além disso, nesta segunda-feira (13) o ministro do Supremo Alexandre de Moraes negou o pedido da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para revogar a prisão domiciliar e demais medidas cautelares contra o ex-chefe de Estado. Os advogados de defesa de Bolsonaro argumentaram que a PGR já apresentou denúncia no inquérito sobre obstrução de Justiça – no processo que envolve as articulações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos para aplicar sanções contra o Brasil – e não acusou o ex-presidente nesse inquérito, motivo pelo qual não haveria “fundamento mínimo necessário” para manter as medidas cautelares determinadas nesse processo.

Moraes desconsiderou o pedido da defesa, citando o “fundado receio de fuga”, tal como o “reiterado descumprimento das [medidas] cautelares” para manter Bolsonaro preso em casa, medida que visa “a garantia da ordem pública e a necessidade de assegurar a integral aplicação da lei penal”.

Bolsonaro está preso preventivamente em sua residência, em um condomínio no Jardim Botânico em Brasília (DF), desde o dia 4 de agosto por descumprimento de medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes – ministro-relator dos processos judiciais contra o ex-presidente no STF. A prisão domiciliar visa impedir uma eventual fuga de Bolsonaro. No carnaval do ano passado, Bolsonaro chegou a se hospedar em um fim de semana na Embaixada da Hungria.

Contudo, apesar de manter a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, Moraes autorizou, também nesta segunda-feira, que o ex-presidente receba atendimento médico domiciliar, especialmente em decorrência de seus problemas de saúde. O pedido também foi solicitado pela defesa do ex-chefe do Executivo.

“O ingresso da profissional se faz necessário em razão do agravamento de episódios persistentes de soluço, motivo pelo qual pugna-se pela célere apreciação do presente pleito”, argumentaram os advogados de defesa do ex-presidente.

Em setembro, Bolsonaro teve que ser hospitalizado após ter crises de soluço recorrentes, vômito e pressão baixa. Os médicos identificaram lesões compatíveis com câncer de pele.

Na decisão de Moraes, a partir de agora, a médica Marina Grazziotin Pasolini poderá realizar o atendimento ao ex-presidente, sem necessidade de autorização prévia do STF. O nome da médica foi indicação da própria defesa do STF. O magistrado ainda afirmou que Bolsonaro está autorizado a ser encaminhado para atendimento de urgência no hospital, se necessário, devendo enviar a comprovação de atendimento no prazo de 24 horas.