Com a autorização do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visitou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua residência em Brasília, nesta segunda-feira (29). Além de Tarcísio, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente, também esteve presente no encontro.
Bolsonaro, agora já condenado pela Primeira Turma do STF, está em prisão domiciliar após descumprir medidas cautelares. Após o encontro, Tarcísio e Flávio Bolsonaro conversaram rapidamente com a imprensa e disseram que a oposição se organizará melhor para a disputa eleitoral de 2026 após a definição da anistia para os envolvidos nos atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro de 2023.
Para jornalistas, Flávio Bolsonaro destacou que a conversa entre Bolsonaro e Tarcísio se tratou de “um papo de amigos”.
“[Foi um] bate papo sobre amenidades, obviamente falamos sobre política. Da minha parte, o recado que eu quero dar para todo mundo, para que não haja dúvidas, é que, independentemente de como as coisas vão transcorrer daqui para frente. eu, o Tarcísio, nós, os partidos de centro-direita,
vamos estar juntos em 2026 para recolocar o Brasil nos trilhos a partir de 2027”, reiterou Flávio Bolsonaro.
Durante a conversa, o senador teceu elogios ao amigo do pai e aliado que governa o estado de São Paulo. “O Tarcísio é um dos principais ativos que a centro-direita tem. Ele está sempre fortalecido, é uma pessoa preparada, governador do estado com maior orçamento do Brasil. Com certeza, ter Tarcísio nesse quadro inveja muito a extrema-esquerda”.
Questionado pela imprensa, Tarcísio confirmou que é candidato à releição para governador de São Paulo. Contudo, Flávio Bolsonaro reiterou que a oposição discutirá eventuais estratégias para a corrida eleitoral de 2026 após a definição da anistia, ou não.
Anistia
Questionado sobre conversas em relação ao projeto de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, Tarcísio disse que não abordou o assunto com Bolsonaro. “Por incrível que pareça, não conversamos sobre isso, mas eu quero dizer que eu já coloquei a minha posição claramente. Defendo a anistia como fator de pacificação, acredito na paz dialogada, acredito que é um remédio que foi usado em outros momentos da nossa história”, reiterou o governador de São Paulo.
“Acho que muitas pessoas que estão presas não sabiam exatamente o que estavam fazendo. Já cumpriram a pena, já entenderam que toda a depredação é deplorável, é condenável. O que aconteceu no 8 de Janeiro é deplorável, é condenado. A gente não pode estimular esse tipo de coisa. E não é falar de privilegiar eventualmente uma reincidência ou uma impunidade, não é nada disso. É conquistar um caminho para paz, eu acho que a sociedade merece esse caminho de paz”, ele defendeu.
No dia 17, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência do projeto de lei que concedia anistia ampla aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro – tanto aqueles que depredaram as sedes dos Três Poderes como “todos os que participaram de manifestações com motivação política e/ou eleitoral, ou as apoiaram, por quaisquer meios, inclusive contribuições, doações, apoio logístico ou prestação de serviços”.
Após a provação da urgência, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) designou o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP) como relator da medida. Ele adiantou que conceder uma anistia ampla, geral e irrestrita é “impossível”, e o texto, que está sendo elaborado, deve reduzir a dosimetria das penas dos envolvidos em 8 de janeiro – o projeto deixou de ser nomeado “PL da Anistia” para ser batizado de “PL da dosimetria”.
A mudança para a redução da dosimetria desagrada a oposição. Flávio Bolsonaro reiterou que a redução de penas não satisfaz os parlamentares da oposição no Congresso. Porém, eles irão aguardar o parecer de Paulinho da Força para se manifestarem formalmente sobre o caso. “Essa pauta da dosimetria não nos atende e nós vamos batalhar para ter a anistia total”, reiterou o senador.