Por: Thamiris de Azevedo

Uma chuva de meteoritos no Congresso Nacional

Público terá contato com as rochas que caíram do espaço | Foto: Aine Becketty

A exposição “No meio do caminho havia um meteorito”, organizada pelo Grupo de Trabalho sobre Meteoritos da Sociedade Brasileira de Geologia, está em cartaz no Salão Negro da Câmara dos Deputados até 5 de novembro. O público pode conhecer mais de 30 exemplares, entre eles o Sanclerlândia, de 267 kg, o histórico Bendegó e o Santa Filomena, além de peças raras como a adaga Keris e o vidro da Líbia.

A curadora e geóloga Elisa Soares Rocha Barbosa, presidente da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG), explica ao Correio da Manhã que a maioria dos meteoritos são encontrados em zonas rurais.

“No Brasil, com grande extensão territorial, o apoio da população rural é fundamental para essas descobertas, assim como o mapeamento sistemático de áreas, pelos cursos de Geologia. Por exemplo, o meteorito Sanclerlândia, que está na exposição, foi encontrado durante um trabalho de campo de mapeamento de estudantes de geologia da UnB, na década de 1970”, afirma.

Ela conta que, na maioria das vezes, é a população rural que encontra as rochas.

“No Brasil muitos caem em áreas de difícil acesso e estão sujeitos à alteração rápida, por serem compostos por materiais que não conhecem as condições da superfície da Terra. São mais fáceis de serem encontrados em áreas sem muita vegetação, como desertos e geleiras. Na maioria das vezes, a população rural que encontra essas rochas durante a lida diária em fazendas. Muitas vezes recebemos mensagens de pessoas humildes, ou comerciantes e colecionadores pedindo ajuda na identificação de materiais que encontraram”, afirma.

Segundo ela, a cada mil amostras avaliadas pelo Museu Nacional, apenas uma é, de fato, um meteorito. A especialista ressalta ainda que cada peça exposta foi tratada e selecionada para ser interativa, permitindo ao público a experiência do toque.

“As peças expostas para interatividade já são utilizadas com esse fim pelo projeto ‘Meteoritos Pé na estrada’. Entendemos que atividades multissensoriais são capazes de trazer maior fixação de conteúdo e ajudam no pertencimento à causa, podendo, também, atrair mais crianças e adolescentes para seguirem carreiras científicas, que é tão em baixa no Brasil. Além do mais, quem não gostaria da emoção de tocar em um pedacinho da lua, de marte, de um cometa?”, diz.