Após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na semana passada, o então ministro do Turismo Celso Sabino (União Brasil) confirmou que entregou sua carta de demissão e se desvinculará do governo. A notícia foi comunicada em entrevista coletiva à imprensa no Palácio do Planalto na sexta-feira (26). Ainda não há previsão de quem assumirá no lugar dele, mas o desejo do próprio Sabino é que a atual secretária-executiva do Ministério do Turismo, Ana Carla Lopes, assuma no lugar dele.
Ele já havia comunicado que deixaria o cargo após o União Brasil determinar um prazo para que todos os que estão filiados ao partido deixassem o Planalto. Mas, como o comunicado foi anunciado quando Lula estava embarcando para Nova York para a 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), ele optou pelo retorno de Lula ao Brasil para conversar diretamente acerca de sua demissão.
“Tive uma conversa hoje com o presidente da República em virtude da decisão que o partido ao qual eu sou filiado tomou de deixar o governo e vim hoje aqui cumprir o meu papel. Entreguei ao presidente a minha carta e o meu pedido de saída do Ministério do Turismo cumprindo a decisão do meu partido”, ele manifestou em entrevista à imprensa.
Porém, apesar de anunciar sua saída, Sabino informou que, antes de sair oficialmente, ainda cumprirá mais uma agenda como ministro ao lado do presidente da República. Na próxima quinta-feira (2), eles irão inaugurar as obras para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30).
“O presidente pediu que eu o acompanhasse na inauguração das obras na próxima quinta-feira na cidade de Belém. Vou como ministro ainda”, ele confirmou.
Celso Sabino disse que gostaria de permanecer no cargo até o final da COP 30 – todas as preparações para o evento ocorreram em sua gestão na pasta, além dele ser paraense – mas disse que respeitará a decisão do União Brasil de sair do governo. Questionado pela imprensa sobre a possibilidade de deixar o partido para continuar no governo, Celso Sabino disse que “acredita no diálogo” e negou deixar a sigla.
“A minha vontade é clara, é continuar o trabalho que a gente vem fazendo e manter um trabalho de diálogo. O presidente acenou com essa possibilidade de ampliar esse diálogo junto com o partido União Brasil para que a gente possa ver como vão ser as cenas do próximo capítulo”, disse Sabino.
Saída
Além do União Brasil, o PP – que compõem a federação União Progressista (União Brasil-PP) – também anunciou a sua saída do governo federal. Contudo, o representante da sigla no Executivo, o ministro do Esporte André Fufuca, ainda não se manifestou sobre uma eventual saída. O partido tem ainda a presidência da Caixa Econômica Federal.
Outros nomes ligados ao União Brasil no poder Executivo são os ministros de Comunicações, Frederico Siqueira, e de Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Porém, não há previsão para a saída de nenhum dos dois do governo, já que ambos são nomes vistos como apadrinhados exclusivamente pelo presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Troca
Com a saída, Sabino se torna a 13ª troca da gestão Lula 3. Ele mesmo entrou no governo em substituição a Daniela Carneiro, num processo justamente de ampliação dos espaços do União Brasil e do Centrão no governo. Dentre alguns exemplos dessas trocas estão: a saída de Paulo Pimenta da Secretaria de Comunicação Social para a chegada de Sidônio Palmeira; a troca de Nísia Trindade por Alexandre Padilha no Ministério da Saúde; de Ana Moser por André Fufuca no Ministério dos Esportes.
Nas trocas, também houve uma dança das cadeiras para manejar os cargos. Antes de assumir a pasta da Saúde, Padilha era responsável pela Secretaria de Relações Institucionais do governo, que passou a ser comandada por Gleisi Hoffmann. Além disso, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, entrou no lugar de Flávio Dino quando ele foi indicado por Lula como ministro do Supremo Tribunal Federal.