Por: Gabriela Gallo

CPMI do INSS ouvirá sócio do ‘careca do INSS’ e ex-ministro Onyx Lorenzoni

Advogado Nelson Wilians negou envolvimento nos desvios | Foto: Carlos Moura/Agência Senado

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os descontos ilegais de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouviu nesta quinta-feira (18) o advogado Nelson Willians Rodrigues, que foi alvo de operação de busca e apreensão e de pedido de prisão cautelar por transações suspeitas com o empresário Maurício Camisotti – apontado como um dos líderes da fraude. Ele negou no começo da sessão qualquer envolvimento com o esquema e depois usou o seu direito de permanecer em silêncio.

“Eu fui pego de surpresa pelos fatos, porque para mim isso é um crime hediondo. Eu não conheço o ‘Careca do INSS’. Minha relação com Maurício Camisotti começou como profissional e virou amizade. Não possuo ligação com os fatos investigados”, disse o advogado, que depois não falou mais nada.

Próximos depoimentos

Está prevista para a oitiva da próxima segunda-feira (22) o depoimento de Rubens Oliveira Costa, outro sócio de Antonio Carlos Camilo Antunes, lobista conhecido como o “careca do INSS”. Além dele, na sessão da próxima quinta-feira (25) está prevista a convocação do ex-ministro do Trabalho e Previdência Onyx Lorenzoni, que atuou durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Em conversa com a imprensa entre os intervalos da sessão de quinta-feira, o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG) disse que a comissão ainda busca convocar novamente o próprio Antonio Carlos para que, desta vez, ele compareça de forma voluntária na sessão e preste os devidos depoimentos na próxima semana.

Questionado pela imprensa, Viana destacou que, caso ele não compareça, a esposa dele, Tania Carvalho dos Santos – que também é sócia dele – será convocada para prestar depoimento no lugar dele.

“A esposa dele [careca do INSS] está convocada. Se ele não vier, ela virá. E se ela não vier, eu vou determinar a condução coercitiva [medida legal que obriga uma pessoa a comparecer perante uma autoridade, mesmo que contra sua vontade]. Agora se ele vier, é outra história. Ele terá a chance de dar o esclarecimento que ele quiser à CPMI e nós [membros da comissão] deixaremos a questão da esposa para a investigação e os dados”, reiterou o presidente da comissão.

Dias após a comissão parlamentar mista aprovar a convocação do “careca do INSS”, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça garantiu que, tanto Antônio Carlos Camilo Antunes quanto Maurício Camisotti, não tem a obrigação de comparecer e prestar depoimento na CPMI. Apesar da decisão de Mendonça, publicada no sábado (13), ser sigilosa, o magistrado alegou que tecnicamente a PF pode apresentar ambos os acusados à comissão, mas que o comparecimento deles não é compulsório. O “careca do INSS” iria prestar depoimento na sessão do dia 15, mas com o aval do STF, cancelou a oitiva no mesmo dia.