A retomada do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) foi acompanhada de perto por representantes e apoiadores do governo durante o voto do relator do processo, ministro Alexandre de Moraes. Estiveram presentes na sessão da manhã o líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), o líder da oposição, Luciano Zucco (PL-RS), e os deputados Rogério Correia (PT-MG), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Talíria Petrone (PSOL-RJ) e Ivan Valente (PSOL-SP).
Após deixarem o prédio onde ocorre o julgamento, os parlamentares aliados do governo Lula declararam à imprensa: 'sem anistia!'
O líder do PT elogiou a atuação de Moraes no primeiro dia de votação do colegiado no processo do chamado 'Núcleo Crucial' da trama golpista. O magistrado apontou o ex-presidente como líder da “organização criminosa” que tentou abolir com violência o Estado Democrático de Direito.
"Acho o voto do ministro Alexandre muito consistente. Trabalha toda a cronologia, todos os fatos, a lembrança daquela ameaça no dia 7 de setembro de 2021 e depois vai passando de ponto a ponto aquela reunião ministerial e vai chegar num ponto alto que é a Operação Punhal Verde Amarelo", afirmou Lindbergh Farias.
O líder da oposição, por sua vez, criticou o andamento do julgamento e as falas de Moraes, além de questionar o volume de dados analisados pelas defesas. Zucco, que é o primeiro político aliado a Bolsonaro a comparecer ao julgamento, também pediu que o ministro Luiz Fux interfira e defendeu a anistia de Bolsonaro e de presos pelos atos de 8 de Janeiro de 2023.
"A esperança que o ministro Fux está vendo é que os advogados constituídos já abordaram e suas defesas que não tiveram tempo hábil para analisar todas as provas trazidas é que ele possa pedir mais um tempo de análise. Essa é a esperança jurídica. Eu acredito que, pela coerência com que está sendo dito ali. Os advogados falaram, inclusive na data de ontem e no período das suas defesas, que não tiveram a ampla defesa. E é nesse sentido que nós esperamos que seja feita a justiça. E a Anistia! Anistia, anistia, vou repetir!", declarou Zucco.
Os demais deputados, aliados do governo, também elogiaram a condução de Moraes no processo e afirmaram que o julgamento inédito combate tanto a impunidade de militares quanto a de um ex-chefe do Executivo.
"O ministro Alexandre de Moraes, além de ter sido consistente, robusto, interligando pontos, ponto a ponto, concatenado com 13 pontos e detalhado de tal forma, é irrepreensível. Isso significa que nós combatemos duas coisas que ficarem impunes na República esse tempo todo: a punição de militares ou seja, a fim o fim da tutela militar nesse país, porque eles vão condenar mais de 25 militares. Segundo, que o ex-presidente da República foi o comandante supremo, tanto que ele foi condenado por mais um crime do que os outros, que é chefe da organização criminosa. E com isso, eu acho que a gente fecha um ciclo de impunidade", afirmou Ivan Valente.
Os deputados também comentaram que a expectativa é de que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não paute o projeto de lei elaborado pela oposição para conceder anistia a presos pelas invasões às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
"Sinceramente, eu acho que a nossa expectativa é que o presidente da Câmara, com o tamanho da sua responsabilidade hoje, diga o seguinte: não vou votar anistia. Não é estar com a esquerda ou com o governo. Ali, votar ou não votar anistia é estar com a democracia ou estar contra ela", disse Jandira Feghali.
Fala do líder da oposição
Fala do líder do PT na Câmara