O presidente Lula (PT) fez um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na noite de sábado (6), com críticas à interferência do governo dos Estados Unidos no Brasil. Ele afirmou que o país não aceitará "ordens de quem quer que seja".
Também foram alvo de críticas o que o petista chamou de "traidores da pátria”, citando políticos que "estimulam ataques" ao país, em referência ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), do qual não citou o nome. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está nos Estados Unidos desde fevereiro articulando sanções do governo Donald Trump contra o Brasil.
O presidente fez menções veladas aos ataques dos Estados Unidos e defendeu o PIX, alvo de uma investigação aberta pelo governo americano. Ele também destacou a necessidade de regulamentação das redes sociais e a independência do Judiciário.
Soberania
Lula voltou Lula a defender a soberania nacional, reforçando o novo mote da comunicação do governo. Esse tema foi citado várias vezes no pronunciamento.
"Não somos e não seremos novamente colônia de ninguém. Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro", disse.
Na véspera das celebrações da Independência do Brasil, Lula repetiu críticas a políticos que, segundo ele, têm agido no exterior com o objetivo de prejudicar o país. Ao condenar os "traidores da pátria", o presidente chamou esse comportamento de "inadmissível" e disse que a "história não os perdoará".
"É inadmissível o papel de alguns políticos brasileiros que estimulam os ataques ao Brasil. Foram eleitos para trabalhar pelo povo brasileiro, mas defendem apenas seus interesses pessoais. São traidores da pátria. A História não os perdoará", afirmou o presidente.
Em outro ponto do pronunciamento, Lula disse que o Brasil mantém "relações amigáveis com todos os países", mas ponderou que o país tem "um único dono" — o seu próprio povo.
"Não aceitamos ordens de quem quer que seja. [...] Este país soberano e independente se chama Brasil", afirmou.
Independência do Judiciário
Quanto às pressões dos EUA contra o processo do Supremo Tribunal Federal (STF) que tem Bolsonaro entre os réus por tentativa de golpe de Estado, Lula afirmou que o seu governo zela pela separação entre os Poderes e que não há espaço para que o presidente brasileiro interfira no Judiciário — "ao contrário do que querem impor ao nosso país", declarou Lula.
Sem citar o governo Trump, Lula que defenderá o PIX de "qualquer tentativa de privatização" e que as redes sociais não estão "acima da lei".
"O Pix é do Brasil, é público, é gratuito e vai continuar assim. [...] As redes digitais não podem continuar sendo usadas para espalhar fake news e discursos de ódio. Não podem dar espaço à prática de crimes como golpes financeiros, exploração sexual de crianças e adolescentes e incentivo ao racismo e à violência contra as mulheres."
Lula também repetiu que defenderá as riquezas, as instituições e a democracia brasileira contra "qualquer um que tente golpeá-la".
"Nunca abriremos mão da nossa soberania. Defender nossa soberania é defender o Brasil", disse.