EUA voltam a atacar Moraes após prisão de Bolsonaro

O governo dos Estados Unidos voltou a ameaçar o Brasil, um dia após a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Nesta terça-feira (5/08), o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, órgão do Departamento de Estado dos EUA, republicou nas redes sociais um texto do vice-secretário do Departamento, Cristopher Landau. Na publicação, ele chamou o comportamento do ministro Alexandre de Moraes de "orwelliano", em referência à obra literária 1984, de George Orwell.

"Um dos desafios de ser um funcionário público é que suas ações estão sujeitas a críticas. Isso faz parte do contexto e você tem que esperar por isso. Aparentemente, ninguém contou isso ao Ministro Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que hoje colocou o ex-presidente Bolsonaro em prisão domiciliar e o privou do acesso a um celular. Seu suposto crime? Aparentemente, criticar o Ministro Moraes, o que o Ministro agora convenientemente caracteriza como uma "obstrução da justiça". Os impulsos orwellianos desenfreados do Ministro estão arrastando sua Corte e seu país para o território desconhecido de uma ditadura judicial", escreveu Landau.

A publicação do vice-secretário reforça a pressão dos EUA após a prisão de Bolsonaro. Na segunda-feira (4), uma nota emitida no X (antigo Twitter) pelo Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, horas após Moraes decretar a prisão domiciliar do ex-presidente, ameaçou responsabilizar todos aqueles que colaborarem ou facilitarem condutas sancionadas.

"O ministro Alexandre de Moraes, já sancionado pelos Estados Unidos por violações de direitos humanos, continua usando as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia. Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender publicamente não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!"

A reação do líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ), às ameaças foi de repúdio ao Estado norte-americano. O deputado divulgou, também nas redes sociais, um texto declarando que o Brasil "não será protetorado de luxo nem neocolônia da extrema direita internacional". Ainda, ele destacou o posicionamento do governo brasileiro em suas relações exteriores, reafirmando a soberania do Brasil e condenando as medidas adotadas por Eduardo Bolsonaro e aliados de Bolsonaro no exterior. Para ele, as atitudes dos EUA ultrapassam todos os limites ao atacar o STF e Moraes.