Pela primeira vez no ano, aprovação de Lula supera desaprovação

Tarifaço dos EUA contribuiu para melhora; em cenário eleitoral, Lula ganharia de seus concorrentes

Por Gabriela Gallo

Postura de Lula frente ao tarifaço influenciou

Pela primeira vez desde novembro do ano passado, os níveis de aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) superam os níveis de desaprovação. De acordo com a nova Pesquisa Atlas/Intel, realizada em parceria com a Bloomberg, 50,2% da população aprova o presidente Lula, enquanto 49,7% desaprova. Embora o índice de aprovação supere o de desaprovação, na margem de erro há um empate. A pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (31), ouviu 7.334 pessoas entre os dias 25 e 28 de junho e tem o nível de confiança em 95%. No último levantamento, os níveis de desaprovação eram de 50,3% e a aprovação da figura Lula era de 49,7%. Com isso, entre junho e julho, a aprovação cresceu quase três pontos percentuais e a desaprovação caiu dois pontos percentuais.

Por outro lado, o nível de desaprovação do governo Lula 3 como um todo segue superior ao nível de aprovação da gestão do terceiro mandato do petista. Segundo a Atlas/Bloomberg, 48,2% avaliam o governo Lula como ruim ou péssimo, 46,6% como bom ou ótimo e 5,1% como regular.

Eleições

Mas apesar do índice de desaprovação do governo superar o de aprovação, se as eleições presidenciais fossem hoje, Lula venceria todos os eventuais candidatos no primeiro turno. Lula venceria mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu maior adversário, que está, porém, inelegível. Nesse cenário, Lula teria 47,8% das intenções de votos e Bolsonaro 44,2%.

E em um eventual cenário sem Jair Bolsonaro – que tende a ser mais provável que já que o ex-presidente foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e não poderá concorrer em 2026 – o atual presidente apresenta altas chances de se reeeleger. Segundo o levantamento, Lula teria 48,5% de intenção de votos, o mesmo percentual, contra todos os atuais nomes cotados para a direita.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por enquanto é nome mais próximo, com 33% de intenção de votos. Em um eventual cenário sem Tarcísio, a segunda candidata com maiores intenções de voto é a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com 29,7%. Já em um cenário sem uma reeleição de Lula, a vantagem também poderia ser do PT, embora bem mais apertada. Se o candidato for o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ele ficaria com 34,2% contra 33,8% de Tarcísio de Freitas.

EUA

Um dos fatores que contribuiu para essa melhora na popularidade da imagem do presidente da República é o posicionamento do chefe do Executivo brasileiro em reafirmar o Brasil como um país soberano perante as tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump (Republicano). Desde que o Brasil se tornou alvo das políticas monetárias protecionistas do segundo mandato de Donald Trump, Lula tem reafirmado que o Brasil não irá se curvar na guerra tarifária entre os países.

E a aprovação do presidente é um resultado direto da avaliação geral negativa da população sobre as taxações dos Estados Unidos. Segundo o último levantamento do Datafolha, também divulgada nesta quinta-feira, 66% dos entrevistados acreditam que a taxação dos produtos brasileiros nos EUA vai prejudicar muito a economia brasileira; 23% dos entrevistados acreditam que o tarifaço vai prejudicar um pouco da economia; 7% acham que as tarifas de 50% não vão prejudicar a economia brasileira e 4% não souberam responder.

O levantamento da Datafolha foi realizado presencialmente nos dias 29 e 30 de julho e ouviram 2.004 pessoas de 16 anos ou mais em 130 municípios do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Saindo da esfera nacional e questionados se o tarifaço de 50% em exportações iria atingir diretamente a vida dos entrevistados, 43% avaliam que a taxação dos produtos brasileiros nos EUA vai prejudicar muito a sua respectiva situação econômica pessoal. Dos demais entrevistados, 34% acreditam que a situação vai prejudicar pouco a sua situação econômica pessoal, 19% avaliam que as mudanças não irá prejudicar as suas vidas pessoais e 4% não soube responder.

Questionados sobre como tentar resolver o problema, 72% dos entrevistados acreditam que o governo brasileiro deveria negociar para tentar convencer o presidente dos EUA a mudar de ideia; 15% consideram que o governo federal deveria taxar igualmente os produtos dos EUA vendidos no Brasil; 7% não soube responder e 6% avaliam que o governo deveria atender todas as condições exigidas pelo governo dos EUA.