Comitiva brasileira conversa com senadores dos EUA
Eduardo Bolsonaro tenta atrapalhar missão; produtos naturais podem ser isentos
Em mais uma alternativa para tentar reverter as tarifas de 50% a produtos brasileiros impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), a partir desta sexta-feira (1º), a comissão externa de senadores brasileiros que buscam diálogo com os EUA continua as reuniões com congressistas norte-americanos nesta quarta-feira (30). Nesta terça-feira (29) foi o primeiro dia de conversas entre os oito senadores representantes do Brasil com senadores estadunidenses tanto democratas quanto republicanos.
Em entrevista à imprensa, o presidente da comissão externa nos EUA, Nelsinho Trad (PSD-MS), e o senador Carlos Viana (Podemos-MG) destacaram que os diálogos, até a atual conjuntura, têm sido positivos e de amplo debate.
Em um vídeo divulgado à imprensa, Nelsinho Trad, que também é presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, mostrou uma carta que foi entregue pessoalmente a todos os congressistas dos Estados Unidos que receberam os brasileiros no Capitólio. Na carta, usando como exemplo o senador Martin Heinrich (Democrata), os brasileiros convidam os congressistas norte-americanos a uma visita oficial ao Brasil para mais negociações.
“Juntos podemos aproveitar oportunidades concretas – ambas imediatas e a longo prazo – para reforçar nossa parceria estratégica e entregar resultados tangíveis para as pessoas que representam o Brasil e os Estados Unidos. Ficaríamos honrados de recebê-lo em uma visita oficial ao Brasil o mais rápido que for possível. Seria um privilégio retribuir sua agradável hospitalidade e continuar construindo um diálogo que beneficiará ambos os nossos países”, afirma a carta.
Trad destacou que a medida visa apresentar a cada parlamentar “a implicação” do tarifaço de Trump no respectivo “estado que ele representa”. “Dessa forma, com esse conteúdo, a gente entende que racionalmente ele poderá ser convencido que essa é uma medida de ‘perde-perde’”, ele destacou.
Zerar tarifas
Nesta terça-feira, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, disse que os EUA estudam isentar as tarifas para produtos que não são cultivados no país – ele citou como exemplo café, cacau, manga e abacaxi. Porém, o secretário não citou nomes de países que poderiam ser beneficiados com as medidas, tampouco o Brasil. Caso de fato seja implementada, a mudança pode amenizar os impactos nos principais setores comerciais afetados.
Em conversa com a imprensa, o senador Espiridião Amin (PP-SC), que também compõe a comissão do Senado nos EUA, disse que todos os outros países que foram taxados pelos Estados Unidos tiveram um prazo maior para se organizarem sobre as novas tarifas, ao contrário do Brasil que foi notificado em 9 de julho das tarifas de 50% que serão implementas a partir de 1º de agosto, menos de um mês para o setor comercial se organizar com as mudanças. Com isso, a possível isenção de determinados produtos pode ser um primeiro alívio.
Eduardo
Enquanto os senadores brasileiros articulam alternativas para amenizar o impacto orçamentário e comercial das tarifas impostas por Donald Trump, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, manifestou que, em contrapartida, tudo fará para que a comitiva não tenha sucesso. Ele disse que a missão “está fadada ao insucesso”.
Em entrevista ao SBT News, Eduardo Bolsonaro disse que o a resolução do tarifaço não pode ser apenas econômica. “O problema é uma crise institucional, é um problema dentro do Judiciário, é um problema político e não meramente econômico. Se o Brasil der um primeiro passo para mostrar que está disposto a resolver essa situação, o Trump abre uma mesa de negociação”, ele reiterou.
Questionado por um internauta nas redes sociais o motivo de apoiar o tarifaço de Donald Trump, Eduardo Bolsonaro respondeu através de uma analogia que o caso “é como um paciente com câncer querer parar a quimioterapia porque os cabelos estão caindo”.
“Sem a quimioterapia, retornaremos à rota da Venezuela, caminho em que já estávamos, e que nenhum especialista soube explicar como reverter. Agora, no entanto, vê-se uma luz no fim do túnel. E essa luz, que pela primeira vez coloca os algozes nas cordas, só surgiu porque ignoramos os conselhos desses especialistas”, escreveu o parlamentar em suas redes sociais, referindo-se a uma entrevista de especialistas no canal Brasil Paralelo, que criticaram suas ações nos EUA.