Condenada pelo STF, deputada Carla Zambelli é presa na Itália
Parlamentar fugiu do Brasil depois de condenada a 10 anos anos de prisão no caso da invasão dos sistemas do CNJ
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi presa na Itália, nesta terça-feira (29), divulgou o Ministério da Justiça brasileiro.
A parlamentar bolsonarista tinha fugido para a Itália depois de ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão no caso da invasão hacker aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A Justiça da Itália deve avaliar o pedido de extradição apresentado pelo governo brasileiro em 12 de junho. A parlamentar tem cidadania e passaportes italianos.
Também hoje, o deputado italiano Angelo Bonelli divulgou uma publicação informando ter sido ele quem forneceu o endereço de Zambelli às autoridades.
"Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Forneci o endereço à polícia. Neste momento, a polícia está identificando Zambelli", diz o parlamentar.
O post do deputado é acompanhado de um vídeo em que Zambelli aparece com uma arma apontada para um homem nas ruas de São Paulo. O episódio ocorreu em 29 de outubro, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. Os ministros do STF já formaram maioria pela condenação de Zambelli a 5 anos e 3 meses de prisão por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.
Prisão e perda de mandato
Zambelli foi condenada por unanimidade pela Primeira Turma do STF em 16 de maio. Além dos 10 anos de prisão, o colegiado decretou a perda de seu mandato parlamentar - a Câmara dos Deputados ainda não decidiu sobre este segundo ponto da condenação.
A condenação se deu após a parlamentar ser considerada responsável por contratar o hacker Walter Delgatti para forjar e inserir nos sistemas do CNJ um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, com a assinatura digital falsificada do próprio magistrado. No mesmo processo de Zambelli, o hacker foi condenado a oito anos e três meses de prisão.
Em 3 de junho, a deputada compartilhou um vídeo anunciando ter fugido do Brasil e que se estabeleceria na Europa.
Em 4 de junho, o ministro Alexandre de Moraes atendeu a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e decretou a prisão preventiva de Zambelli (PL-SP).
No dia 5 do mesmo mês, a pedido da Polícia Federal, a parlamentar foi incluída na lista de difusão vermelha da Interpol. Com isso, passou a ser procurada em 196 países.
A ordem de prisão definitiva da deputada foi formalizada pelo ministro Alexandre de Moraes em 7 de junho, após a Primeira Turma do STF rejeitar recursos (embargos de declaração) dos dois sentenciados e decretar o trânsito em julgado das condenações.
Desejo de ficar na Itália
Após a prisão de Zambelli, a defesa da parlamentar divulgou um vídeo no qual ela afirma que não vai voltar ao Brasil para cumprir sua pena.
“Vou me apresentar às autoridades italianas e estou muito segura de fazê-lo. Porque aqui ainda temos justiça e democracia, não temos um ditador no poder, não temos a autoridade ditatorial de Alexandre de Moraes e seus comparsas da Suprema Corte", diz a deputada.
"Estou tranquila, com o coração sereno de que aqui buscarei justiça para o meu caso", prossegue. "Eu não vou voltar para o Brasil para cumprir pena. Se eu tiver que cumprir pena, vai ser aqui na Itália, que é um país justo e democrático", acrescentou, reafirmando inocência no caso que resultou em sua condenação.