Senadores se encontram com congressistas dos EUA
Em conversa com empresários, cogitou-se entregar carta pedindo o adiamento das sanções
Nesta terça-feira (29), os oito senadores brasileiros que compõem a comissão externa que busca diálogo com os Estados Unidos sobre as tarifas de 50% ameaçadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), se reunirão com congressistas estadunidenses ligados ao presidente dos EUA, no Capitólio.
Nesta segunda-feira (28), os senadores se reuniram com empresários norte-americanos para tentar negociar uma alternativa às tarifas, que prejudicarão tanto o Brasil quanto os EUA. Em entrevista com a imprensa, o presidente da comissão temporária externa, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), anunciou que os representantes sugeriram entregar uma carta a Trump, solicitando que o início do tarifaço seja, ao menos, adiado.
“Foi sugerido um manifesto, uma carta pedindo que essa medida seja adiada, principalmente porque o setor produtivo precisa de previsibilidade para se adaptar, especialmente no caso de mercadorias perecíveis”, disse o senador, que também é presidente da Comissão de Assuntos Exteriores do Senado Federal.
Ainda não foi firmada uma data para a entrega da eventual carta. Dentre as empresas presentes no encontro, estavam Shell USA, Johnson & Johnson e Kimberly-Clark.
Para além de empresários, os senadores se reuniram com representantes da Embaixada do Brasil nos Estados Unidos e com representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Em entrevista à imprensa, Nelsinho Trad destacou que a missão dos representantes brasileiros tem o intuito de “distensionar a relação entre Brasil e os Estados Unidos”, através da “contraparte parlamentar”.
“A partir do momento em que nós conquistarmos isso, eu penso que a missão já vai ter o seu primeiro ponto no sentido de proporcionar ambiente e caminho para que, quem tem a prerrogativa de negociar – que não somos nós [senadores] e sim o governo federal – possa fazê-lo”, disse Trad.
Diálogo
Em conversa com a imprensa, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) ainda disse que os senadores brasileiros solicitaram que a Câmara de Comércio dos Estados Unidos agende e intermedie “um encontro ou um telefonema” entre os presidentes Donald Trump e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “o mais rapidamente possível”.
“Nossa agenda política, é uma agenda que deixa claro que nós queremos abrir o diálogo entre os dois países”, disse Viana. Ele ainda reiterou que o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), no posto como representante do governo federal, manifestou que o governo está disposto a conversar sobre qualquer tema.
Contudo, por meio das redes sociais, a senadora e ex-ministra da Agricultura na gestão de Jair Bolsonaro (PL) Tereza Cristina (PP-MS) criticou o presidente Lula por ainda não ter ligado diretamente para o presidente Donald Trump. “Não cabe ao Senado negociar, mas sim buscar o clima de entendimento para proteger os brasileiros, pois as tarifas irão prejudicar todos, sem exceção. O presidente Lula deveria ligar, sim, para o presidente Trump. Aliás, já passou da hora. O Brasil não pode ser refém do populismo e da vaidade de quem governa”, criticou a senadora.
“Sabemos que não cabe ao Legislativo negociar tarifas, mas estamos fazendo a nossa parte. Hoje nos encontramos com empresários brasileiros e americanos numa verdadeira força-tarefa pelo nosso país. Acreditamos que nenhuma ideologia pode falar mais alto que o bom senso e o compromisso com o bem-estar de brasileiros e americanos”, completou Tereza Cristina.
No Brasil, em entrevista com a imprensa nesta segunda-feira, o vice-presidente da República e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), foi questionado pela imprensa se Lula pretende ligar para Donald Trump e negociar sobre as tarifas. Alckmin disse que ele não chegou a conversar com o presidente Lula sobre o assunto, mas reiterou que o chefe do Executivo brasileiro é “um homem do diálogo”.
“Ele é um homem do diálogo, ele sempre defendeu o diálogo, que é o que nós fazemos permanentemente”, disse Alckmin, sem dar mais detalhes.
Além disso, na noite deste domingo (27), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços emitiu uma nota declarando que “o governo brasileiro, por orientação do presidente Lula, vem buscando negociação com base em diálogo”, sem influências políticas ou ideológicas, desde que a solução não interfira “na soberania do Brasil”.