Articulador de sanções contra o Brasil, Eduardo Bolsonaro já defendeu diplomacia brasileira 'como reconhecida em todo o mundo'

Filho de Jair Bolsonaro fez discurso veemente em defesa do país ao receber a maior honraria do Itamaraty

Por Jorge Vasconcellos

Eduardo: ação considerada desastrosa

“A diplomacia é fundamental para qualquer país. A arte de resolver conflitos e defender o interesse nacional por meio do diálogo e da negociação é própria dos diplomatas. Além disso, a diplomacia brasileira é reconhecida em todo o mundo por sua excelência e pelos resultados tangíveis”.

Por incrível que pareça, essa veemente defesa do interesse nacional e da diplomacia foi feita em 3 de maio de 2019 pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o mesmo que, dos Estados Unidos, vem articulando junto ao governo de Donald Trump sanções contra o Brasil e autoridades brasileiras.

Naquele dia de 2019, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-SP) discursou após ser condecorado como Grande Oficial da Ordem do Rio Branco, a maior honraria concedida pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil (MRE) para distinguir pessoas que prestam serviços meritórios e relevantes para as relações internacionais do Brasil.

A homenagem do MRE foi prestada no primeiro ano do governo Bolsonaro, quando Eduardo presidia a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados e chegou a ser indicado pelo pai para ser o embaixador do Brasil em Washington.

“O Governo brasileiro está dando um novo curso à nossa Política Exterior, e, para que o Brasil logre êxito no concerto das Nações, necessitamos de mais diplomatas, altamente qualificados e dispostos a trabalhar em defesa do Estado brasileiro”, enfatizou, ao ser condecorado.

Seis anos após receber a emblemática distinção, Eduardo vem demonstrando uma visão diversa do que acredita ser o interesse nacional.

Em um ritmo frenético de publicações nas redes sociais, o parlamentar tem arrogado para si a autoria da articulação, junto ao governo Trump, de algumas sanções já anunciadas contra o interesse brasileiro, como a imposição de tarifa de 50% sobre produtos nacionais e a revogação de vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre os quais Alexandre de Moraes, relator do processo em que Jair Bolsonaro é réu sob a acusação de ter comandado uma conspiração para golpe de Estado.