Moraes proíbe Bolsonaro de fazer lives e entrevistas na internet

Apesar da ordem judicial, presidente falou com jornalistas na Câmara e exibiu a tornozeleira eletrônica

Por Jorge Vasconcellos e Gabriela Gallo

Jair Bolsonaro exibe tornozeleira

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs nova medida restritiva a Jair Bolsonaro (PL). Em decisão divulgada nesta segunda-feira (21), o magistrado proibiu a veiculação de entrevistas do ex-presidente nas redes sociais, mesmo que feitas por terceiros. Conforme o despacho, qualquer retransmissão, mesmo indireta, configura tentativa de burlar a proibição de uso das plataformas e poderá levar à prisão do ex-presidente.

Na decisão, Moraes proibiu que Bolsonaro, além das próprias redes sociais, também não pode utilizar outros perfis para transmitir áudios, vídeos e transcrições de entrevistas.

“A medida cautelar de proibição de utilização de redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros, imposta a Jair Messias Bolsonaro inclui, obviamente, as transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas de redes sociais de terceiros, não podendo o investigado se valer desses meios para burlar a medida, sob pena de imediata revogação e decretação da prisão”, diz Moraes no despacho.

Desde sexta-feira (18), Bolsonaro já enfrenta outras restrições determinadas pelo ministro, como o uso de tornozeleira eletrônica, a obrigação de se recolher em casa entre 19h e 6h de segunda a sexta-feira, de não sair nos finais de semana e de não se comunicar com outros investigados no inquérito da Polícia Federal que investiga as articulações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), nos Estados Unidos, em busca de sanções contra o Brasil e autoridades brasileiras. Naquele mesmo dia, o ex-presidente também foi alvo de uma operação de busca da PF.

Diante da nova ordem judicial de Moraes, Bolsonaro desistiu de participar, hoje, na Câmara dos Deputados, de uma entrevista coletiva ao lado de parlamentares do PL com os quais se reuniu para definir as mobilizações do partido após a operação executada pela PF na sexta-feira.

Embora tenha desistido de conceder a entrevista coletiva ao lado dos parlamentares, Bolsonaro foi abordado pela imprensa em uma escadaria quando saía da Câmara e, no meio do tumulto, falou que é “uma pessoa inocente”. “O que vale para mim é a lei de Deus”, acrescentou.

Além disso, o ex-presidente parou, levantou a perna esquerda e mostrou a tornozeleira eletrônica. Imediatamente, a imagem ganhou os sites noticiosos e as redes sociais.

A dúvida agora nos corredores de Brasília é se essas manifestações de Bolsonaro configuram descumprimento das novas restrições de Alexandre de Moraes.

Decisão "descabida"

Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação e ex-advogado de Bolsonaro, classificou como "completamente descabida" a nova decisão de Alexandre de Moraes.

"É completamente descabida a decisão de proibir o Presidente @jairbolsonaro de utilizar as redes sociais e muito pior e sem nexo a decisão de proibi-lo de falar para veículos cuja a transmissão é digital. Tecnicamente tanto o off line como o digital são veículos, mudando unicamente a forma de transmissão", afirmou, em post na rede social X.

É completamente descabida a decisão de proibir o Presidente @jairbolsonaro de utilizar as redes sociais e muito pior e sem nexo a decisão de proibi-lo de falar para veículos cuja a transmissão é digital.
Tecnicamente tanto o off line como o digital são veículos, mudando unicamente a forma de transmissão", afirmou.