Câmara aprova PEC que ameniza caixa dos municípios
Além da questão dos precatórios, CCJ aprova PEC da Segurança Pública, com alterações
Na intenção de acelerar tramitações de projetos relevantes na Casa antes do recesso parlamentar, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou – por 404 votos favoráveis, 67 contrários e três abstenções – o texto base da Proposta de Emenda à Constituição que limita o pagamento de precatórios (PEC 66/2023), nesta terça-feira (15). O texto retorna para o Senado. O relatório do deputado Baleia Rossi (MDB-SP) foi aprovado na comissão especial da Câmara ainda na terça-feira, seguiu para votação na tribuna em requerimento de urgência no mesmo dia e, após aprovado, foram votados destaques ao texto.
Na intenção de amenizar o caixa de municípios que enfrentam dificuldades para honrar compromissos previdenciários e judiciais com a União, a PEC 66 “institui limite para o pagamento de precatórios pelos Municípios, abre novo prazo de parcelamento especial de débitos dos Municípios com seus regimes próprios de previdência social e com o Regime Geral de Previdência Social (RGPS)”.
O parecer de Baleia Rossi estabelece nove faixas para os pagamentos dos precatórios, com a aplicação de 1% a 5% da receita corrente líquida (RCL), a depender do tamanho da dívida do município. O relatório ainda prevê incorporação gradual das despesas anuais da União com precatórios e requisições de pequeno valor (RPV), na meta fiscal em no mínimo 10% ao ano. A medida vale a partir de 2027. A PEC ainda prevê o parcelamento em até 300 parcelas mensais de contribuições previdenciárias que venceriam em 31 de agosto deste ano.
Parlamentares contrários à medida alegam que a proposta prejudica servidores públicos, aposentados e demais categorias. O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) reiterou que “município não é um ente administrativo abstrato, é uma divisão administrativa nutrida por gente”.
“Precatório é um débito obrigatório que já tramitou pela Justiça. E o que essa PEC traz é a legitimação do calote. O parcelamento dos débitos previdenciários dos municípios pode chegar a 300 meses. [A PEC] oferece um alívio fiscal imediato aos municípios, mas gera efeitos preocupantes sobre a sustentabilidade da previdência, especialmente para os regimes próprios dos servidores públicos”, criticou Chico Alencar.
PEC da Segurança
Horas antes do plenário da Câmara, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa aprovou, por 43 votos favoráveis e 23 contrários, a Proposta de Emenda à Constituição que cria um Sistema Único de Segurança, a chamada PEC da Segurança. O texto segue para ser avaliado em uma comissão especial da Casa.
Como fora adiantado pelo relator da medida na Câmara, deputado federal Mendonça Filho (União Brasil-PE), o parecer aprovado na CCJ retira a exclusividade da União legislar sobre “normas gerais de segurança pública, defesa social e sistema penitenciário”. Atualmente, as regras também contam com a participação dos estados e municípios. Na prática, de acordo com Mendonça Filho, a mudança preserva o pacto federativo e mantém a autonomia dos estados.
Além disso, o relator também retirou o termo “exclusivo” no que diz respeito às competências das polícias judiciárias, civis e da Polícia Federal (PF) sobre a responsabilidade de investigar, para impedir uma possível interferência em órgãos que possam atuar em uma investigação, como Ministério Público Federal (MPF).
Ao Correio da Manhã, o advogado criminalista e sócio do Guilherme Mota Advogados Guilherme Augusto Mota avaliou que a proposta da PEC 18/2025 parte de um “diagnóstico correto: o enfrentamento à criminalidade contemporânea”, como o crime organizado e facções criminosas.
Porém, ele destacou que “a simples previsão constitucional de um sistema unificado não assegura, por si, a eficácia de sua atuação”. “A história institucional brasileira adverte que a integração formal, sem mecanismos concretos de cooperação efetiva e inteligência articulada, tende a produzir estruturas burocráticas de baixa efetividade. O combate à macrocriminalidade – tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e violência armada em áreas urbanas e de fronteira – exige mais do que normas: demanda inteligência integrada, interoperabilidade de dados, governança coordenada e profissionalização dos quadros de segurança”, ponderou Guilherme Mota.