Antes do recesso, Congresso tem semana decisiva
Imposto de Renda, dívida dos municípios, tarifaço de Trump entram na pauta na véspera da folga
Na última semana antes do recesso parlamentar, agendado para esta sexta-feira (18), o Congresso Nacional prevê uma semana movimentada, na intenção de tentar adiantar o máximo possível de pautas relevantes tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado ainda no primeiro semestre. Somente nesta segunda-feira (14), está agendada no plenário da Câmara uma série de discussões e votações. Dentre elas, os parlamentares discutem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 66/2023, a PEC dos Precatórios, que negocia novos prazos para dívidas dos municípios com a previdência.
Oriunda do Senado Federal, a PEC 66/23 “institui limite para o pagamento de precatórios pelos Municípios, abre novo prazo de parcelamento especial de débitos dos Municípios com seus regimes próprios de previdência social e com o Regime Geral de Previdência Social (RGPS)”. Na prática, a medida visa amenizar o caixa de municípios que enfrentam dificuldades para honrar compromissos previdenciários e judiciais com a União, o que compromete o equilíbrio fiscal e investimentos locais.
Licenciamento ambiental
Ainda na sessão desta segunda, os parlamentares votarão a urgência do projeto de lei que cria a Lei Geral do Licenciamento Ambiental (PL 2159/2021). Aprovado no plenário do Senado Federal em maio, a proposta do texto é simplificar a concessão de licenças para empreendimentos de menor impacto ambiental através da flexibilização e padronização da emissão da licença em todo território nacional. A votação em regime de urgência do projeto foi combinada na reunião de líderes da Casa, na última quinta-feira (10).
A proposta é considera polêmica. De um lado, a bancada do agronegócio e demais interessados na medida defendem que as mudanças impulsionarão a indústria e o desenvolvimento econômico do país. Em contrapartida, ambientalistas argumentam que a medida aumentará o desmatamento, além de demais complicações ambientais.
Diante desse embate, o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), declarou que o governo discutirá a medida com a ministra de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, de forma a buscar um consenso entre as partes. “Isso vai nos forçar a trabalhar para um acordo. Estamos conversando com a ministra Marina e nada vai ser votado sem o aval dela. Vamos conversar, vamos buscar compatibilizar com o relator, deputado Zé Vitor [PL-MG], que está com boa vontade para negociar”, declarou Guimarães durante a reunião.
IRPF
Ainda na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (16) a comissão especial que analisa o projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (PL 1087/25) votará o relatório do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Lira apresentou o parecer inicial do projeto nesta quinta-feira (10). O presidente da comissão especial na Câmara, Rubens Pereira Júnior (PT-MA), destacou que o texto será votado nesta semana e deve seguir para votação no plenário da Casa logo depois do recesso parlamentar, a partir de 1º de agosto.
O projeto amplia a faixa de isenção do pagamento do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para compensar a falta de arrecadação tributária, se o texto permanecer como se encontra, será implementada uma taxação progressiva, começando para aqueles que ganham R$ 600 mil por ano (R$ 50 mil por mês) e finalizando em uma taxação de 10% para quem tem uma renda anual a partir de R$ 1,2 milhão. Se aprovado, o projeto passa a valer a partir de 2026.
Em seu parecer inicial, Lira ampliou a faixa de isenção parcial do pagamento do imposto de renda para quem ganha entre R$ 5.001 até R$ 7.350 mensais (antes era até R$ 7 mil). Ele ainda isentou a alíquota mínima do IR para fundos soberanos e remessas a entidades no exterior que administrem benefícios previdenciários.
PEC da Segurança
Também na quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara retoma a votação da Proposta de Emenda à Constituição que reformula o modelo da segurança nacional (PEC 18/2025). A PEC da Segurança Pública inicialmente seria votada na última quarta-feira (9), mas foi adiada para esta semana após um pedido de vista coletivo (ou seja, mais tempo para análise). O relator da medida, deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE), retirou um trecho que concedia à União exclusividade na legislação sobre “normas gerais de segurança pública, defesa social e sistema penitenciário” brasileiro, oferecendo maior participação dos estados e municípios.
Ele ainda retirou o termo “exclusivo” em um trecho que trata das competências das polícias judiciárias, polícias civis dos estados e da Polícia Federal (PF) sobre a responsabilidade de investigar. A medida visa impedir que uma possível interferência nos trabalhos de outros órgãos, como o Ministério Público Federal (MPF) e ministérios públicos estaduais.
Tarifaço
Além dessas pautas, o Congresso Nacional começa a se movimentar para tentar reverter as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos. Nesta terça-feira (15), a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado realizará uma audiência pública para debater a estratégia que o Brasil deve adotar diante da recente tarifa de importação imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump. A sessão foi convocada pelo presidente da comissão, senador Nelsinho Tradd (PSD-MS). Serão convidados representantes do Ministério de Relações Exteriores para tratar do tema.
Na última sexta-feira (11) o presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos-PB) conversou com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e o presidente da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), Francisco Gomes Neto, para discutir sobre o tema. “Ambos relataram os impactos negativos das tarifas anunciadas pelos Estados Unidos nos setores estratégicos de nossa indústria. Reafirmei que a Câmara dos Deputados acompanha os desdobramentos e está à disposição para agir com firmeza em defesa dos interesses de nosso setor produtivo, de nossa economia e da proteção dos empregos dos brasileiros que podem ser direta ou indiretamente atingidos pelas medidas”, manifestou Motta por meio das redes sociais.