Trump defende Bolsonaro e governo brasileiro reage
O presidente dos EUA classificou o processo contra o ex-chefe do Planalto como perseguição política
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) respondeu com firmeza, nesta segunda-feira (7), às críticas feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano), ao julgamento conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil. Sem mencionar nomes diretamente, Lula defendeu a soberania nacional e a independência das instituições. Mais cedo, o líder estadunidense classificou o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como uma “caça às bruxas”.
“Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o estado de direito”, afirmou Lula em nota oficial.
A manifestação do presidente brasileiro ocorre após Trump publicar, em sua rede social Truth Social, uma mensagem em defesa do ex-chefe do Palácio do Planalto. No texto, o presidente dos EUA alega que o ex-chefe de Estado brasileiro está sendo injustamente perseguido.
“O Brasil está tratando o ex-presidente Jair Bolsonaro de forma terrível. Eu e o mundo assistimos a tudo isso, como eles não fizeram nada além de persegui-lo, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano! Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, escreveu. Ele concluiu o comunicado dizendo que o único julgamento que deveria ocorrer é o das urnas. “Deixe Bolsonaro em paz”, finalizou.
Processos
Atualmente, o ex-líder do Executivo está inelegível até 2030, por decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 2023, foi condenado por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação, ao atacar o sistema eleitoral brasileiro sem apresentar provas. Posteriormente, recebeu nova condenação por abuso de poder político e econômico durante a campanha à reeleição.
Além disso, o ex-presidente é réu na Suprema Corte por supostamente integrar o núcleo central de uma organização criminosa que teria atuado para tentar reverter o resultado das eleições de 2022, para permanecer no poder. A ação penal já se encontra na fase final de instrução, com os interrogatórios deste grupo concluídos.
“Aberração jurídica”
Em resposta à publicação do republicano, Bolsonaro compartilhou nas redes sociais uma foto ao lado do presidente americano e agradeceu o apoio. Chamou o processo de "aberração jurídica (Lawfare)" e afirmou ser alvo de perseguição política.
“Agradeço ao ilustre Presidente e amigo. V. Exa. passou por algo semelhante. Foi implacavelmente perseguido, mas venceu para o bem dos Estados Unidos e dezenas de outros países verdadeiramente democráticos. Sua luta por paz, justiça e liberdade ecoa por todo o planeta. Obrigado por existir e nos dar exemplo de fé e resiliência”, declarou o investigado.
Também repercutindo o apoio, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está licenciado do mandato e vive atualmente nos Estados Unidos, afirmou que há mais novidades por vir.
“O que posso dizer é que esta não será a única novidade vinda dos EUA neste próximo tempo. Aproveito para agradecer a todos que se empenham nesta batalha", disse o parlamentar, que afirma estar denunciando supostas violações de direitos humanos no Brasil.
Interferência externa
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou a declaração do norte-americano, classificando-a como “equivocada” e reforçou que o Brasil não aceita interferência externa em seus processos jurídicos.
“Não se pode falar em perseguição quando um país soberano cumpre o devido processo legal no estado democrático de direito, que Bolsonaro e seus golpistas tentaram destruir. O presidente dos EUA deveria cuidar de seus próprios problemas, que não são poucos, e respeitar a soberania do Brasil e de nosso Judiciário”, disse a ministra.
O Advogado-Geral da União, Jorge Messias, também se posicionou com veemência contra a fala de Trump. “Este governo não aceita tutela, nem admite pressões externas que tentem ditar os rumos do país, e muito menos tolerará pressões indevidas contra nossas instituições democráticas, notadamente da nossa Suprema Corte, que tão bem tem servido à defesa da democracia e do estado de direito em nosso país”, afirmou Messias.