Desaprovação de Lula atinge recorde de 53,7%

Taxa cresce 3,6 p.p em um mês. Analista destaca que ainda há espaço para reverter o quadro

Por Karoline Cavalcante

Lula já perde de adversários no segundo turno

Os índices de desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcançaram 53,7% na última sexta-feira (30), marcando um recorde na pesquisa divulgada pela AtlasIntel em parceria com a Bloomberg. Em comparação com o mês anterior, quando a taxa estava em 50,1%, houve uma alta de 3,6 pontos percentuais. A taxa de aprovação, por sua vez, permaneceu estável, caindo ligeiramente de 46,1% para 45,4%, enquanto apenas 0,7% dos entrevistados não souberam opinar.

A escalada da desaprovação de Lula começou em abril de 2024, quando o índice estava em 43,4%, e atingiu 53,6% em março deste ano. Embora tenha apresentado uma leve redução no mês de abril, os dados mais recentes indicam uma retomada do crescimento da desaprovação.

Além disso, a pesquisa revelou que 52,1% dos brasileiros avaliam o governo como ruim ou péssimo, um aumento de 4,4 pontos percentuais em relação aos 47,7% registrados em abril. Por outro lado, 41,9% classificam a gestão como ótima ou boa, apresentando um pequeno aumento em relação ao mês anterior (40,2%). Entre esses extremos, 6% dos entrevistados consideraram o governo como "regular".

Em entrevista ao Correio da Manhã, o cientista político Isaac Jordão avaliou que a alta desaprovação é um sinal vermelho que demonstra grande resiliência dos números e que o governo "não está conseguindo reverter isso".

Para ele, o impacto do escândalo das fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ainda é significativo. Um dos trechos da pesquisa revela que, entre os possíveis riscos e desafios para o Brasil nos próximos seis meses, 57% dos entrevistados acreditam que a revelação de grandes fraudes ou esquemas de corrupção seja altamente provável.

2026

Apesar de a pesquisa indicar que, no primeiro turno de uma eventual disputa pela reeleição o presidente venceria ou empataria tecnicamente com os candidatos testados, o cenário muda no segundo turno. Contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que obteve 46,7% no primeiro turno, o atual chefe do Executivo ficaria com 43,9%, configurando um empate dentro da margem de erro de um ponto percentual.

Contudo, o ex-presidente está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesse contexto, foram testados cenários com outros oponentes e Lula liderou com folga. No confronto contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), uma das principais apostas da direita, Lula recebeu 44,1% contra 33,1% do atual chefe do Executivo paulista. Já contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que obteve 33,5%, ele registrou 44,4%.

Em um eventual segundo turno, no entanto, o atual presidente perderia para todos os três. Michelle Bolsonaro apresentou o melhor desempenho, com 49,8% contra 45,3% do petista. Em seguida, Tarcísio obteve 48,9%, enquanto o chefe do Executivo alcançou 45,1%, e, por último, Bolsonaro obteve 47,5%, contra 45,5%.

Reeleição

Jordão avalia que, embora o cenário atual da eleição, caso fosse hoje, seja muito preocupante para o governo, a eleição só ocorrerá daqui a mais de um ano e, por isso, “ainda tem muita água para passar por debaixo dessa ponte”.

“Uma coisa que tenho falado recorrentemente é que, com a máquina nas mãos, Lula será competitivo. O governo está com a luz vermelha acesa e precisa se atentar a isso, mas não acredito que isso indique alguma possibilidade de alteração no quadro atual, que é o de Lula vir à reeleição”, iniciou o cientista político.

“Se esses números se mantiverem e a tendência de rejeição continuar crescendo mais do que a aprovação, a chance de ele não ser candidato aumenta. No entanto, no cenário atual, ainda há muito espaço para reverter a situação e até trabalhar um novo nome dentro do mesmo grupo para ser o sucessor”, observou à reportagem.