Prefeitos fazem marcha de olho na renegociação de suas dívidas

Lula participa da abertura do evento, promovido pela Confederação Nacional dos Municípios

Por Karoline Cavalcante

Lula já está em pré-campanha

Brasília será palco, nesta semana, da tradicional Marcha dos Prefeitos, que reunirá mais de 11 mil gestores municipais em busca de apoio e diálogo com o governo federal. Anualmente promovida pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), a abertura oficial do evento acontece nesta terça-feira (20) e contará com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além de ministros de Estado, deputados e senadores. A programação segue até quinta-feira (22).

Entre as principais reivindicações desta edição está a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2023, conhecida como PEC da Sustentabilidade Fiscal, que foi aprovada no Senado Federal e aguarda a análise em Comissão Especial na Câmara dos Deputados. Ela permite a reabertura do prazo para que os municípios parcelem as suas dívidas previdenciárias, que poderão ser pagas em até 300 parcelas mensais, além de definir condições especiais para o regime anual de precatórios.

O evento contará com paineis de debate com temas como: a federalização climática, segurança pública, orientações sobre emendas parlamentares, saúde e educação. O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, comentou sobre os desafios enfrentados pela população brasileira em questões como assistência social.

“Se vocês tivessem uma ideia e pudessem viver um dia na prefeitura para ver o que está acontecendo na área da saúde, da assistência social, etc. É terrível a situação na ponta, do cidadão brasileiro, não é dos prefeitos. Dizem que aqui é o sindicato dos prefeitos; pelo contrário, aqui é o sindicato da população brasileira", declarou.

Reforma tributária

Outro tema importante da Marcha é a reforma tributária. E a polêmcia em torno da composição das 27 cadeiras destinadas aos prefeitos no Conselho Superior do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Segundo Ziulkoski, o tema está em debate. Há meses, o tema divide a CNM e a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), A CNM deseja disputar todas as 27 vagas. A FNP defende uma divisão, na qual a CNM indique a chapa para as 14 cadeiras eleitas com voto absoluto (cada prefeito, um voto) e a FNP faça a chapa das demais 13 cadeiras, eleitas de forma proporcional (quando as cidades maiores terão peso maior que as menores). O caso, inclusive, já foi parar na Justiça por falta de acordo.

Na última segunda-feira (12), o senador Otto Alencar (PSD-BA), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, onde a reforma tributária está sendo discutida, apresentou uma emenda ao emenda ao Projeto de Lei Complementar (PLP 108/2024), que regulamenta o Comitê Gestor, sugerindo alterações no processo eleitoral para que fique estabelecida a atribuição da organização para ambas as entidades.

Atualmente, o encargo é de “associações de representação de Municípios de âmbito nacional, reconhecidas na forma da Lei nº 14.341, de 18 de maio de 2022, cujos associados representem, no mínimo, 30% (trinta por cento) da população do País ou 30% (trinta por cento) dos Municípios do País”.

A CNM, no entanto, repudiou a emenda e a postura da FNP. Ziulkoski defendeu que seja cumprida a Constituição Federal, argumentando que a associação possui 95% dos Municípios brasileiros filiados, de todos os portes, incluindo 22 capitais. Para Ziulkoski, a tentativa é de “ganhar no tapetão”.

“Eles viram que temos mais de 4 mil municípios no nosso comitê e não vamos aceitar mudanças, a não ser que sejam aprovadas pela Câmara e pelo Senado", criticou. “Qual é a virada de mesa? Mudar a lei, mas estão propondo uma emenda totalmente inconstitucional", prosseguiu.