Gilvan da Federal tem mandato suspenso por três meses

Decisão foi tomada pelo Conselho de Ética da Câmara após representação da Mesa

Por Karoline Cavalcante

Gilvan não deverá recorrer da decisão

Por Karoline Cavalcante

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (6), a suspensão cautelar do mandato do deputado Gilvan da Federal (PL-ES) por três meses, em razão de declarações ofensivas dirigidas à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT). A decisão foi tomada por maioria dos membros do colegiado, que seguiram o parecer do relator, deputado Ricardo Maia (MDB-BA). O placar foi de 15 votos a favoráveis e quatro contrários.

Conduzida pelo presidente do colegiado, deputado Leur Lomanto Júnior (União-BA), a reunião teve início pela manhã e durou mais de cinco horas.

Em sua manifestação, Maia — que propôs a redução da punição de seis meses recomendada pela Mesa Diretora da Câmara, para três meses — avaliou que essa é uma resposta "firme e simbólica" à gravidade dos fatos, sem antecipar julgamento definitivo, resguardando-se o devido processo legal e a ampla defesa.

"As manifestações ultrapassam os limites da liberdade de expressão parlamentar, com ataques pessoais e desqualificação moral, por meio de termos ofensivos e desrespeitosos, que ferem a dignidade das autoridades atingidas e comprometem os valores institucionais da Câmara dos Deputados", declarou o parlamentar.

Defesa

Na apresentação de sua defesa, Gilvan argumentou que não citou diretamente o nome de Gleisi Hoffmann, considerando o processo "inepto" e precipitado.

"Instaurou-se um processo sancionador, desprovido de provas cabais a demonstrar a quebra de decoro do Reclamado, consubstanciadas unicamente em indícios que maculam a finalidade do objetivo traçado", disse.

Antes de ser efetivada, cabe recurso à suspensão. O deputado, no entanto, informou que não recorrerá da decisão ao Plenário e assumiu o compromisso de um comportamento diferente.

"Voltarei mais forte do que nunca, combaterei o bom combate, mas diferente do que vinha acontecendo. Eu ando com essa bandeira verde e amarela com muito orgulho", afirmou. A medida, porém, não impede a instauração de um posterior processo disciplinar, que pode levar à perda permanente do mandato.

Relembre

As falas foram proferidas durante audiência do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, realizada no início da última semana. Na ocasião, Gilvan fez referências ao codinome "Amante", que teria sido atribuído à Gleisi numa planilha da antiga empreiteira Odebrecht e disse que alguém com essa designação, devia ser "uma prostituta do caramba".

Na mesma reunião, também dirigiu ofensas a Lula, chamando-o de "descondenado" e acusando o governo de "importar corruptos", fala que inflamou o ambiente e gerou um embate direto com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), que é marido de Gleisi. Ele reagiu chamando Gilvan de "desqualificado" e lembrando uma declaração recente do parlamentar, na qual teria desejado a morte do atual presidente da República.

A Mesa Diretora da Câmara, então, protocolou na última quarta-feira (30) um pedido que solicitava o afastamento do deputado por um período de seis meses. A prerrogativa, utilizada de forma inédita, fundamentou que o representado realizou "insinuações abertamente ultrajantes, desonrosas e depreciativas" à ministra "em evidente abuso das prerrogativas parlamentares, o que configura comportamento incompatível com a dignidade do mandato".