Governo fará nova tentativa de baixar preço dos alimentos

Nova reunião discutirá medidas. Há otimismo de que situação melhore por expectativas de boa safra

Por Gabriela Gallo

Inflação dos alimentos bateu mais de 8% em 2024, segundo o IBGE

Nesta quinta-feira (6) os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Carlos Fávaro (Agricultura), o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, além de outros representantes da equipe econômica do governo federal, se encontram para tratar de medidas que reduzam os preços dos alimentos. O encontro está marcado para as 16h e será coordenador pelo vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), no Palácio do Planalto. Ainda não foi confirmada a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A proposta do primeiro encontro pós-carnaval é que o vice-presidente avalie as propostas que foram apresentadas na semana anterior por setores da área, como produtores rurais e supermercados, para reduzir os valores dos alimentos. Após a análise técnica do Ministério da Indústria e demais representantes, ocorrerá outra reunião com o presidente Lula e sua equipe nos próximos dias para definir quais medidas podem ser adotadas para conter a alta dos preços.

O aumento no preço dos alimentos é um dos principais motivos na queda da popularidade do governo Lula 3, que registrou rejeição histórica. Visando as eleições presidenciais de 2026, o poder Executivo tem pressa para tentar reduzir os valores de produtos nos supermercados o quanto antes.

Dados

De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação de alimentos em domicílio registrou 8,23% em 2024. A elevação dos preços foi um dos motivos da inflação, registrada em 4,83% em 20203, ter ficado acima da meta do Banco Central (BC), que estava em 3% com limite de 4,5%.

Apesar disso, a equipe do governo federal está na expectativa da redução dos preços dos alimentos nas próximas semanas. Isso porque, a partir de março, ocorrerá a colheita da nova safra agrícola, o que deve resultar em uma queda sustentável no preço dos alimentos. A expectativa para 2025 é positiva, com a possibilidade de safra recorde no Plano Safra e a queda do dólar.

De acordo com o terceiro Prognóstico para a Produção Agrícola, divulgado pelo IBGE em janeiro, a safra deve ser de 322,6 milhões de toneladas (o equivalente a um aumento de 10,2% em comparação ao desempenho de 2024, que registrou 29,9 milhões).

Medidas

Em conversas com a imprensa, o governo adiantou que não haverá nenhuma bala de prata para resolver a questão. Dentre as alternativas propostas, avalia reduzir o custo do crédito para a produção de itens da cesta básica dentro do novo Plano Safra, que será anunciado em julho deste ano. Além disso, o Executivo também estuda a possibilidade de diminuir o imposto de importação sobre alimentos que são mais caros no Brasil do que no exterior.

Em conversas com o governo, representantes do setor rural se posicionaram contra a ideia de estabelecer cotas de exportação para produtos como carne e soja, alegando que a medida prejudicaria a balança comercial e contribuiria para pressionar ainda mais o valor do dólar no mercado financeiro. Cotas de exportação são quando se impõem um limite no volume máximo de exportações permitidas de um determinado produto. Nos bastidores, a equipe econômica do governo disse que a possibilidade foi descartada.

O governo agora analisa quais medidas são viáveis e podem trazer impacto imediato no custo dos alimentos. A expectativa é que, após a reunião desta quinta-feira, sejam definidos os próximos passos para mitigar o problema e apresentar respostas à população.