Por: Karoline Cavalcante

Lula passa por cirurgia de emergência após hemorragia intracraniana

Lula levou cinco pontos na nuca após a queda que sofreu | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No meio das tensões políticas que envolvem governo e Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi submetido, na madrugada desta terça-feira (10) a uma cirurgia de emergência para drenar uma hemorragia intracraniana, identificada após uma queda em sua residência. O procedimento ocorreu sem complicações, e o presidente está sendo monitorado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Segundo boletim médico, Lula procurou atendimento em Brasília na noite de segunda-feira (9), após sentir fortes dores de cabeça. O exame de ressonância magnética revelou a presença de um hematoma no crânio, relacionado ao acidente doméstico ocorrido no dia 19 de outubro, quando o presidente sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada. Devido à gravidade do quadro, ele foi transferido para São Paulo, onde passou pela trepanação, procedimento para drenagem do hematoma.

O cardiologista Roberto Kalil Filho, que acompanha o presidente, informou em coletiva de imprensa que, além da dor, Lula apresentou mal-estar e sintomas gripais, o que inicialmente poderia sugerir uma condição de menor complexidade. Chegou-se a pensar na possibilidade de covid-19. No entanto, devido ao histórico da queda, foi decidido realizar exames de imagem, que confirmaram a hemorragia intracraniana.

“Ele passou bem pela cirurgia. Já estava praticamente acordado quando saiu da sala de operação, foi extubado, está conversando normalmente e se alimentando. Está estável e em observação”, relatou Kalil.

O neurologista Rogério Tuma, que também integra a equipe médica, explicou que o hematoma estava localizado entre o crânio e o cérebro, o que reduz o risco de complicações. “Não houve lesão cerebral. O procedimento foi necessário para evitar que o hematoma comprimisse o cérebro. O mais importante é que o presidente não sofreu trauma cerebral”, afirmou Tuma. Um trauma cerebral poderia produzir sequelas.

A equipe médica que acompanha o caso é composta, além de Kalil e Tuma, pela infectologista Ana Helena Germoglio, o neurocirurgião Marcos Stavale e o neurocirurgião e diretor clínico do hospital, Mauro Suzuki.

Recuperação

Segundo os médicos, a primeira-dama Janja Lula da Silva permanece ao lado do presidente e é sua única acompanhante no hospital. A previsão é de que Lula retorne a Brasília no início da próxima semana, caso sua recuperação siga conforme o esperado. “Tudo vai depender da evolução clínica. Pode ser um dia a mais ou a menos, mas a expectativa é essa”, afirmou Roberto Kalil.

Em suas redes sociais, Janja expressou alívio após a cirurgia bem-sucedida. “Depois da angústia da noite, agora temos tranquilidade. Ele, que sempre cuidou dos outros, está recebendo o melhor cuidado para uma rápida recuperação. Em breve, estará de volta”, escreveu a primeira-dama.

Prognóstico favorável

Em entrevista ao Correio da Manhã, o neurocirurgião e especialista em doenças cerebrovasculares, Victor Hugo destacou que a recuperação de Lula tem um prognóstico bastante favorável. “Esse tipo de cirurgia tem um risco baixo e, com o acompanhamento adequado e os exames de imagem, é esperado que o presidente se recupere plenamente e retome suas atividades normais em breve”, afirmou.