Por: Gabriela Gallo

Republicanos oficializa candidatura de Hugo Motta, nesta terça

Motta deverá receber o apoio do atual presidente, o deputado Arthur Lira | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Após as eleições municipais, as negociações e manifestações para as eleições do Congresso Nacional retornam a todo vapor. Nesta terça-feira (29), o Republicanos oficializará a candidatura de Hugo Motta (PB) para a concorrer à presidência da Câmara dos Deputados. O lançamento da campanha está marcado para as 11h30 na sede do partido, em Brasília. Ao ter sua candidatura oficializada, Motta deve passar a semana negociando com as demais siglas apoio em sua campanha para assumir a principal cadeira da Mesa Diretora da Casa.

Após a formalização da candidatura de Motta, a expectativa é que o atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), oficialize seu apoio ao líder do Republicanos. Apesar de ainda não ter confirmado publicamente, Lira disse em reunião de líderes que apoiaria o candidato. As medidas do presidente da Casa visam continuar com sua influência na Câmara. Ele já havia anunciado que oficalizaria seu apoio após o segundo turno das eleições municipais.

Relembre

Inicialmente, o atual presidente da Casa tinha como favorito o candidato do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), amigo pessoal de Lira. Todavia, as coisas mudaram após o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), atual vice-presidente da Câmara, desistir de sua candidatura à presidência da Casa para apoiar o colega de partido Hugo Motta. Após o feito, o paraibano ganhou destaque na disputa por ser considerado um candidato mais moderado e capaz de negociar as diferenças entre oposição e base governista – ao contrário de Elmar Nascimento. A repercussão chamou a atenção de Arthur Lira, que passou a apoiar o candidato do Republicanos. Imaginou-se que se iria produzir um consenso em torno dele.

Não aconteceu. Com os holofotes voltados para o candidato do Republicanos, formou-se uma aliança entre União Brasil e PSD. O acordo entre os partidos é que os candidatos Elmar Nascimento e Antonio Brito (PSD-BA) se apoiarão mutuamente, cedendo o lugar para quem parecer mais forte no mês da sucessão, em fevereiro de 2025.

Prefeituras

Porém, o segundo turno das eleições confirmou o que se especulava no primeiro turno para mudar o jogo. Dos 5.569 municípios que participaram das eleições municipais, o PSD elegeu 887 prefeitos no país em ambos os turnos, tornando-se o partido que mais elegeu prefeitos no país. Em seguida, estão o MDB (856), PP (747) e União Brasil (578). Somando o total de municípios que serão governados por PSD, MDB, PP, União Brasil e Republicanos (435) totaliza-se 52% dos municípios que disputaram as eleições. Assim como no primeiro turno, essas medidas reforçam a força do Centrão.

Tal medida pode se tornar um problema para Hugo Motta e favorecer os candidatos Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que também devem passar as próximas semanas articulando em busca de aliados. A vantagem numérica do PSD nas prefeituras pode ser usada como moeda de troca entre os parlamentares que tenham reduto eleitoral nos municípios governados pelo PSD.

PT

Outro denominador que pode influenciar o jogo das eleições na Câmara, o Partido dos Trabalhadores ainda segue na incerteza de qual candidato irá apoiar. Nos bastidores, a bancada do PT negocia com Arthur Lira e Hugo Motta para a sigla do presidente da República indicar um ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). As informações são do jornal O Globo.

Em troca de apoio para a candidatura de Hugo Motta, parte da sigla avalia adiantar a aposentadoria do ministro do TCU Augusto Nardes (72 anos), que é vinculado ao partido de Arthur Lira, para a Câmara indicar o nome para substituí-lo. Ainda não há um acordo fechado e o possível nome ainda não foi definido. Essa poderia ser uma compensação para tirar Lira e Motta da disputa pela Câmara.

Nas últimas semanas, a aliança PSD-União Brasil teria convidado o PT para indicar um candidato do partido para ocupar a primeira Vice-Presidência da Mesa diretora da Casa, o cargo hoje de Marcus Pereira. O acordo também não foi fechado e seguiu nos bastidores.

Os parlamentares do PT ainda não definiram qual candidato apoiarão na disputa interna. Enquanto alguns parlamentares pensam em apoiar Motta, outros têm receio pela proximidade do líder do Republicanos com o senador Ciro Nogueira (PI) – que é ex-ministro da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um dos principais articuladores da bancada bolsonarista no Congresso Nacional.