O segundo turno consolidou a vantagem do centro nas eleições deste ano. Nas capitais, o MDB sai como o partido mais vitorioso, elegendo os prefeitos de Porto Alegre, São Paulo e Belém. Como os dois prefeitos que o partido já tinha elegido no primeiro turno, o MDB passa a comandar cinco das 26 sedes dos estados. O mesmo número de capitais que serão comandadas pelo PSD. O partido tinha feito três delas no primeiro turno, e agora elegeu mais duas: Belo Horizonte Curitiba.
Os dois partidos saem, assim, como os grandes fiéis da balança para o futuro político do país em 2026. Os campos da esquerda e da direita, que vinham até então polarizando a disputa, terão de conversar com os dois partidos. Sem haver ainda clareza de qual será o posicionamento.
O MDB, por exemplo, reelegeu o prefeito Ricardo Nunes em São Paulo com o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é pré-candidato à Presidência em 2026, e também do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tenta reverter a sua inelegibilidade. Isso, porém, não significa um eventual apoio a um dos dois candidatos do campo da direita. Porque o MDB também elegeu o deputado estadual Igor Normando, em Belém. Normando é primo do governador Helder Barbalho, que é extremamente governista, filho do senador Jader Barbalho e irmão do ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho. O MDB ainda reelegeu o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, numa disputa direta com o PT, que tinha como candidata a deputada federal Maria do Rosário.
Da mesma forma, o PSD apoiou Nunes e seu presidente, Gilberto Kassab, é secretário de governo do estado de São Paulo comandado por Tarcísio. E também está mais ligado à direita o prefeito reeleito de Curitiba, Eduardo Pimentel. Mas Pimentel ali derrotou a jornalista Cristina Graeml (PMB), que era apoiada por Bolsonaro.
No primeiro turno, o PSD reelegeu o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que é bastante fiel ao governo Lula. E, agora no segundo turno, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, teve o apoio declardo do PT e de Lula na disputa contra o deputado federal Bruno Engler.
PL e Bolsonaro
Se a virada do primeiro para o segundo turno indicava uma possibilidade de avanço para o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, isso não se confirmou nas urnas. O PL tinha candidatos no segundo turno em nove capitais. Mas elegeu somente dois: Abílio Brunini, em Cuiabá, e Emília Corrêa, em Aracaju.
Perdeu algumas disputas que considerava ganhas. A deputada estadual Janad Valcari aparecia à frente nas pesquisas em praticamente toda a corrida eleitoral, como mostrou o quadro que o Correio da Manhã faz nas capitais desde o início do ano. Mas acabou perdendo em Palmas para o ex-senador Eduardo Siqueira Campos (Podemos), político tradicional da cidade, filho do primeiro governador do Tocantins, Siqueira Campos.
Em alguns lugares, a derrota pode ser mais creditada ao próprio Bolsonaro, que se empenhou diretamente. Ele chegou a ir a Goiânia dar apoio a Fred Rodrigues (PL). Sua intenção era derrotar ali um nome que é potencial adversário à direita em 2026, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Não conseguiu. Fred Rodrigues perdeu a eleição para o nome de Caiado, o ex-deputado federal Sandro Mabel.
Em Curitiba, Bolsonaro rachou a própria direita. Oficialmente, o PL apoiava a reeleição do prefeito Eduardo Pimentel, inclusive com seu candidato a vice-prefeito, Paulo Martins. Mas Bolsonaro resolveu dar apoio à jornalista Cristina Graeml (PMDB). No caso, visando prejudicar uma eventual candidatura do governador Ratinho Jr. (PSD) em 2026. Cristina Graeml perdeu. Eduardo Pimentel foi reeleito.
PT e Fortaleza
Na disputa mais acirrada destas eleições, o PL teve nova derrota. E permitiu que o PT elegesse a sua única capital. Em Fortaleza, o deputado estadual Evandro Leitão (PT) venceu as eleições contra o também deputado estadual André Fernandes, com uma diferença de menos de 1%.
Somados, então, primeiro e segundo turnos, MDB e PSD comandarão cinco capitais. O PL, quatro.. Mesmo número do União Brasil. PP e Podemos terão os prefeitos em duas. PT, PSB e Republicanos em uma.
Veja abaixo os resultados do segundo turno nas 15 capitais onde houve disputa:
Porto Alegre
O prefeito Sebastião Melo (MDB) venceu o segundo turno e está reeleito. Melo teve 61,40% dos votos, enquanto a deputada federal Maria do Rosário (PT) ficou com 38,47%.
Curitiba
O prefeito Eduardo Pimentel (PSD) foi reeleito, com 57.64%. A jornalista Cristina Graeml (PMDB), que havia recebido o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro, apesar de o PL oficialmente estar com Pimentel, recebeu 42,36% dos votos.
São Paulo
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi reeleito prefeito, derrotando o deputado federal Guilherme Boulos (Psol). Com o apoio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e do ex-presidente Jair Bolsonaro, Nunes obteve 59,55% dos votos, enquanto Boulos, que era apoiado pelo presidente Lula, ficou com 40,43%.
Belo Horizonte
Depois de uma arrancada na reta final do primeiro turno, o prefeito Fuad Noman (PSD) acabou reeleito. O prefeito foi crescendo nas últimas semanas do primeiro turno, e venceu o segundo, com 53,75%. O deputado federal Bruno Engler (PL) obteve 46,26%.
Aracaju
A vereadora Emília Corrêa (PL) venceu o advogado Luís Roberto (PDT). Emília é a nova prefeita, com 57,46% dos votos. Luiz Roberto obteve 42,54%.
João Pessoa
O prefeito Cícero Lucena (PP) foi reeleito prefeito na disputa com o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL). Cícero Lucena teve 63,91% dos votos, e Queiroga obteve 36,09%.
Natal
O empresário Paulinho Freire (União Brasil) é o novo prefeito. Ele venceu a deputada federal Natália Bonavides (PT). Paulinho teve 55,34%, enquanto Natália ficou com 44,66%.
Fortaleza
Na disputa mais apertada destas eleições, o deputado estadual Evandro Leitão (PT) venceu a eleição sobre o também deputado estadual André Fernandes (PL). Leitão é o único prefeito de capital eleito pelo PT. Ele obteve 50,38% dos votos, contra 49,62% dados a André Fernandes.
Palmas
O ex-senador Eduardo Siqueira Campos (Podemos) virou a eleição na capital do Tocantins. Ele venceu a deputada estadual Janad Valcari (PL), que vencera no primeiro turno e liderou as pesquisas na maior parte do tempo. Siqueira Campos teve 53,03%, contra 46,97% de Valcari.
Belém
O deputado estadual Igor Normando (MDB) foi o primeiro nome anunciado como vencedor das eleições no segundo turno. Ele já estava matematicamente eleito às 17h32, com 98,55% das urnas apuradas. Primo do governador Helder Barbalho, Igor Normando venceu com 56,36% dos votos. Seu adversário, o deputado federal Éder Mauro, teve 43,64%.
Manaus
O prefeito Davi Almeida (Avante) conquistou novo mandato, sendo reeleito na disputa com o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL). Almeida obteve 54,59%, e Alberto Neto, 45,1%.
Porto Velho
Léo Moraes (Podemos) é o novo prefeito. O deputado estadual passou em segundo ao final do primeiro turno, e virou as eleições no segundo turno. Léo Moraes teve 56,18%. Sua adversária, Mariana Carvalho (União Brasil), que estava à frente no primeiro turno, teve 43,82%.
Cuiabá
Vitória do deputado federal Abílio Brunini (PL). Ele teve 53,80% dos votos, contra 46,20% do seu adversário, Lúdio Cabral (PT).
Campo Grande
Apoiada pela senadora Tereza Cristina (PP), a prefeita Adriane Lopes (PP) foi reeleita. Ela venceu, com 51,45% dos votos, a ex-deputada estadual Rose Modesto (União Brasil), que teve 48,55%.
Goiânia
O ex-deputado federal Sandro Mabel (União Brasil), apoiado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, venceu Fred Rodrigues (PL), que tinha o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mabel obteve 55,53% dos votos, enquanto Rodrigues ficou com 44.47%.