Por: Gabriela Gallo

Vantagem do PSD nas eleições pode favorecer Antônio Brito

Força eleitoral do PSD recoloca Brito no jogo | Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

As eleições para a presidência da Câmara dos Deputados passam a ganhar um novo capítulo após as eleições municipais. Após o resultado do primeiro turno, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, declarou, nesta terça-feira (8), que as vitórias dos partidos de centro-direita – PSD, União Brasil e MDB – poderão produzir nova reviravolta na sucessão de Arthur Lira (PP-AL), recolocando com mais força no jogo os nomes de Antônio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil-BA), em detrimento do preferido de Lira, Hugo Motta (Republicanos-PB).

É mais uma volta no acirrado jogo interno na Câmara. No início, o preferido de Lira era Elmar Nascimento. Mas, avaliando que ele não teria chances, Lira passou a apostar no líder do Republicanos, Hugo Motta, como solução de consenso, após a desistência do vice-presidente da Câmara, Marcus Pereira (SP), também do Republicanos. Mas esse “consenso” não foi combinado nem com o União Brasil, de Elmar, nem com o PSD de Kassab e Antônio Brito. Os dois partidos resolveram se unir numa estratégia de apoio mútuo: firmou-se um compromisso de que Brito e Elmar apoiariam um ao outro, cedendo o lugar para quem parecesse mais forte em fevereiro, quando acontece a sucessão de Lira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não declarou apoio a nenhum candidato.

Todavia, os resultados das eleições municipais mudaram o cenário. Dos 5.516 municípios brasileiros que participaram das eleições, 886 prefeitos eleitos foram do PSD (sendo três capitais e dois candidatos disputando o segundo turno), 852 são do MDB, 749 do PP e 585 do União Brasil – o equivalente a 55,6% dos municípios brasileiros. Diante desse quadro, Kassab acredita que o caso abre novamente a discussão, dando vantagens à aliança PSD-União Brasil.

Avaliação

Ao Correio da Manhã, a mestranda em poder Legislativo no Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento (Cefor) da Câmara dos Deputados Gabriela Santana explicou que a vantagem numérica do PSD é uma influência importante para estabelecer a base das eleições nacionais e do Congresso Nacional em 2026, inclusive para o governo federal.

“O PSD volta muito fortalecido para o jogo da política nacional. O Kassab é um homem estratégico e o PSD é um partido extremamente fisiológico, em alguns lugares ele é coalizão com o PT. Então para o governo isso é relevante, pensando que o PT não investiu tanto em fazer novos prefeitos, eles investiram em coalizões. Apesar de ter tido um crescimento em número de prefeitos no país”, explicou.

Santana, que também é advogada, ainda destacou que os partidos também fazem coalizões para deputados federais, podendo ser usadas com uma moeda de troca para eleger Antônio Brito para assumir no lugar de Lira.

“Se você tem o apoio de uma prefeitura do PSD numa cidade onde é o seu reduto eleitoral, isso também é uma forma de uma barganha de voto dentro do Congresso Nacional. ‘Se você votar no meu candidato, que é o Antônio Brito, você vai ter o apoio ali da prefeitura da minha cidade’. Então, ele [PSD] consegue até articular ali com os deputados federais apoio e voto para o candidato dele”, completou.