Nunes sobe, Marçal desce: a campanha em São Paulo

Aparentemente fora da disputa, Datena diz que vai abandonar vida política

Por Karoline Cavalcante

Em SP, mesmo com vantagam diminuída, Ricardo Nunes segue na ponta das pesquisas

Após a divulgação do resultado das últimas pesquisas eleitorais, o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), tem apresentado um crescimento significativo em sua popularidade e nos resultados. Esse crescimento decorre de uma série de fatores que refletem a natureza de sua gestão e as estratégias que tem adotado.

Na última sexta-feira (13), o Instituto Paraná Pesquisas divulgou levantamento de opinião pública sobre o município de São Paulo. Os resultados mostraram Nunes na liderança para a prefeitura, com 25,1% das intenções de voto, seguido pelo deputado federal Guilherme Boulos (Psol), com 24,7%, e pelo empresário Pablo Marçal (PRTB), com 21,0%. Os três candidatos estão tecnicamente empatados, considerando a margem de erro, que é de 2,6 pontos percentuais para mais ou para menos.

Em comparação com os resultados da pesquisa anteriores do Instituto, divulgada em 6 de setembro, Nunes e Boulos apresentaram um aumento nas intenções de voto. Naquela pesquisa, o atual prefeito tinha 23,8%, e o deputado, 23,9%. Por outro lado, Marçal recebeu 21,3% na pesquisa anterior, o que indica uma oscilação negativa em relação ao resultado mais recente.

Os demais candidatos também apresentaram movimentações. A deputada federal Tabata Amaral (PSB) registrou 7,9% na última pesquisa, um crescimento de 0,8% em relação ao resultado anterior, quando obteve 7,1%. Por outro lado, o jornalista José Luiz Datena está com 7,1%, o que representa uma queda em relação ao levantamento do dia 6, quando recebeu 8,4%. Considerando a margem de erro, os dois estão tecnicamente empatados.

A economista Marina Helena (Novo), ficou com 2,1% (antes 2,9%); João Pimenta (PCO) com 0,5% (antes 0,2%); Bebeto Haddad (DC) recebeu 0,3% (antes 0,6%);
Ricardo Senese (UP) com 0,3% (antes 0,3%); e Altino Prazeres Jr. (PSTU) com 0,2% (antes 0,3%).

A coleta de dados está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o n.º SP00319/2024 para o cargo de Prefeito e ouviu 1500 pessoas, com 16 anos ou mais, entre os dias 09 e 12 de setembro de 2024. A amostra atinge um grau de confiança de 95,0% para uma margem estimada de erro de aproximadamente 2,6 pontos percentuais para os resultados gerais.

Nunes e Marçal

Na pesquisa divulgada pelo instituto em 23 de agosto, Pablo Marçal, embora permanecendo em terceiro lugar, apresentou o maior crescimento em comparação com a pesquisa de 8 de agosto. No dia 8, o ex-coach havia recebido 12,5%, e em 23 de agosto, alcançou 17,9%. Esse aumento de 5,4% gerou preocupação entre os candidatos à liderança. Na época, Boulos caiu para 21,9% (antes 23,2% no início do mês), e Nunes registrou uma queda para 24,1% (em relação aos 25,1% anteriores).

Segundo o Cientista Político, André Rosa, esse decréscimo de Marçal já era esperado, devido às críticas severas que está recebendo do pastor Silas Malafaia, das acusações da oponente, Tabata Amaral, e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apoiar publicamente o candidato Ricardo Nunes. Aspectos que condicionaram a subida de Nunes.

“Alguns fatores levam ao crescimento do Ricardo Nunes. Como um tempo maior de TV, ou seja, ele tem seis minutos de um total de dez minutos. O próprio ato na Paulista, as incisões do pastor Silas Malafaia atacando diretamente o candidato Pablo Marçal, foram algumas das variáveis que levaram ao crescimento do Nunes e a desidratação do próprio Pablo Marçal”, disse.

Rosa acrescentou ainda que o influenciador precisaria “trazer elementos novos” para a sua campanha.

“Ele teve uma subida muito grande, em razão de alguns debates onde viralizaram alguns cortes, que geram um pico emocional nos eleitores, e esse pico emocional leva a uma intenção momentânea de votar em determinado candidato. Só que ela não se sustenta se não são trazidos elementos novos. O que o Marçal ainda não trouxe, ou seja, desidratou; e o Nunes, com todos esses elementos citados, aproveitou e subiu nas pesquisas”, finalizou o cientista político

Datena e Lennon

Em sabatina realizada pela Folha de S. Paulo, na manhã da última sexta-feira (13), o aprentador José Luiz Datena chorou ao comentar o resultado das pesquisas eleitorais e afirmou que ainda tem esperanças de ir para o segundo turno, mas, caso não for, irá abandonar a vida política. Datena fez várias tentativas políticas anteriores, e até então sempre abandonara as disputas pelo caminho. Desta vez, chegou a achar que teria chances. Mas não é isso o que mostram as pesquisas mais recentes.

"Para mim, acabou a política, se não for eleito, acabou. Foi uma boa experiência, a gente fica muito baqueado quando vê resultado de pesquisa, confio plenamente nos profissionais de pesquisas”, iniciou. “Mas o que eu gostaria de ter sido, vou morrer sem cumprir meu sonho. Infelizmente, como diria John Lennon, ‘o sonho acabou’”, finalizou o tucano.

Em análise do cientista político Tiago Valenciano, o jornalista entrou na corrida eleitoral para saciar uma vontade política, mas não está conseguindo passar confiança ao eleitor.

“Aquele primeiro debate, querendo ou não, acabou atrapalhando um pouco o Datena, no sentido de que, quando você participa de um debate e não consegue desempenhar o que as pessoas esperavam — principalmente um candidato que é muito forte na TV — você acaba gerando desconfiança no eleitor. O eleitor simplesmente não acreditava no Datena e acreditava que ele não conseguiria desempenhar ou performar bem nas eleições”, explicou Valenciano.