O candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), não para de criar polêmica. Ele publicou um vídeo em seu Instagram no último sábado (28) em que oferece apoio a candidatos a vereador mediante um pagamento via Pix de R$ 5 mil para a sua campanha. Para isso, foi disponibilizado um formulário para cadastro; após a confirmação da “doação”. Feito o pagamento, um vídeo de Marçal seria enviado para impulsionar a campanha dos políticos participantes.
“Quero te fazer uma pergunta: você conhece alguém que quer ser vereador e é candidato, que não seja de esquerda? De esquerda nem precisa avisar. Se essa pessoa é do bem e quer um vídeo meu para ajudar a impulsionar a campanha dela, você vai mandar esse vídeo e falar ‘olha que oportunidade’. Essa pessoa vai fazer um Pix de R$ 5 mil para minha campanha, como doação”, iniciou Marçal. “Fez essa doação, eu mando o vídeo. Você vai clicar no formulário, cadastrar, a equipe vai entrar em contato", explicou.
Neste domingo (29), a campanha do candidato adversário, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), entrou com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) contra o influenciador, alegando “abuso do poder econômico, uso indevido dos meios de comunicação social e arrecadação ilícita de recursos”. Na mesma linha, o PSB, partido da também candidata e deputada federal Tabata Amaral, protocolou uma outra ação, acusando Marçal de transformar as eleições em um “grande balcão de negócios”. Ambas as ações pediram pela suspensão imediata dos referidos conteúdos.
Inelegibilidade
Segundo análise do advogado, ex-juiz e um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa, Márlon Reis, a prática configura “abuso de poder econômico e político” e pode resultar na inelegibilidade de Pablo Marçal e dos candidatos envolvidos com o pagamento divulgado.
“A exigência de retribuição financeira em troca de apoio político configura abuso de poder econômico e político, além de reduzir o debate eleitoral a condutas mercenárias, o que constitui uma grave distorção do processo democrático. Embora essa prática não seja tipificada como crime, ela compromete a autenticidade do voto e a livre escolha dos eleitores, afrontando os princípios fundamentais das eleições”, explicou.
“Como tal, deve ser rigorosamente reprimida pela Justiça Eleitoral, podendo resultar na cassação do diploma dos candidatos eleitos e na inelegibilidade de todos os envolvidos, tanto de quem solicitou o pagamento quanto de quem o efetuou, conforme prevê a Lei da Ficha Limpa”, declarou o ex-juiz.
Real Time Big Data
Em pesquisa divulgada pelo Real Time Big Data nesta segunda-feira (30), os resultados apresentaram um empate técnico na liderança entre os candidatos Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB). O levantamento, encomendado pela Record, apresenta uma margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Na pesquisa estimulada, Nunes obteve 26% das intenções de voto, uma queda de 1% em relação ao levantamento anterior, divulgado no dia 23 de setembro, quando ele havia recebido 27%. Boulos subiu para 25% (antes eram 24%), e Marçal cresceu para 23% (antes eram 21%).
Em seguida, aparece Tabata Amaral (PSB) com 10% das intenções de voto (antes eram 9%). José Luiz Datena (PSDB) se manteve em 5%, enquanto Marina Helena (Novo) permaneceu com 2%. Altino Prazeres (PSTU), Bebeto Haddad (DC), João Pimenta (PCO) e Ricardo Senese (UP) receberam 1%. Os votos em branco ou nulos caíram para 4% (antes eram 5%), e aqueles que afirmaram "não saber" desceram para 4% (eram 6%).
A pesquisa ouviu 1.500 paulistanos de 16 anos ou mais entre os dias 27 e 28 de setembro. A margem de erro é de três pontos percentuais, com um índice de confiança de 95%. Os dados foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-05171/2024.
Troca de farpas
O debate promovido na manhã desta segunda-feira (30) pela Folha de S. Paulo, em parceria com o UOL, contou com a participação de Nunes, Boulos, Marçal e Amaral, os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas. Durante o evento, Marçal criticou Tabata, e declarou que mulher não vota em mulher, pois “é inteligente”.
“Ô, Tabata, se mulher votasse em mulher, você ia ganhar no primeiro turno. A mulher é inteligente, ela tem sabedoria e experiência. Ela olha para você, vê sempre esse embate e não vai votar em você. Se fosse assim, pobre votaria em pobre, negro votaria em negro”, disse Marçal.
A candidata rebateu, afirmando que a rejeição do público feminino ao empresário tem crescido. “Vocês sabem que estamos sempre sendo subestimadas. Desde que me entendo por gente, dizem que eu não consigo, que não dou conta, que não é para mim. A barra para nós é muito mais alta”, afirmou.