O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou, nesta terça-feira (24), a necessidade urgente de o mundo se mobilizar em relação às crises climáticas, ao enfrentamento da fome e às crescentes desigualdades, além da importância de pôr fim aos conflitos armados. A declaração ocorreu durante a abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), realizada em Nova York, nos Estados Unidos.
Tradicionalmente, o presidente do Brasil é o primeiro a discursar desde a 10ª sessão do evento. Lula iniciou a fala cumprimentando o presidente da Assembleia Geral, Philemon Yang; o secretário-geral, António Guterres; e os líderes mundiais presentes. Em especial, saudou a presença do presidente do Estado da Palestina, Mahmoud Abbas, que, na condição de membro observador, integrou a sessão de abertura pela primeira vez.
Pacto do Futuro
O presidente mencionou a Cúpula do Futuro, realizada na sede das Nações Unidas no domingo, 22. Na ocasião, Lula também fez o discurso de abertura, e foi aprovado o Pacto do Futuro, que inclui o Pacto Digital Global e a Declaração sobre as Gerações Futuras. No documento, destacam-se a inclusão de temas como paz e segurança, desenvolvimento sustentável, mudança climática, cooperação digital, direitos humanos, gênero, juventude e gerações futuras, além da transformação da governança global. O texto foi aprovado com dificuldades e, segundo o petista, isso demonstra o enfraquecimento da “capacidade coletiva de negociação e diálogo” entre os líderes mundiais.
“Seu alcance limitado também é a expressão do paradoxo do nosso tempo: andamos em círculos entre compromissos possíveis que levam a resultados insuficientes. Nem mesmo com a tragédia da covid-19 fomos capazes de nos unir em torno de um Tratado sobre Pandemias na Organização Mundial da Saúde. Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional”, disse.
Meio ambiente
Sobre as pautas ambientais, Lula criticou o negacionismo sobre as evidências do aquecimento global e afirmou que o planeta está “farto de acordos climáticos não cumpridos”.
“Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global”, iniciou. “A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto. O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer mais”, acrescentou o presidente brasileiro.
Lula foi acompanhado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja; do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira; e do assessor especial para Assuntos Internacionais e ex-chanceler, Celso Amorim.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad também participaram das agendas nos EUA, mas não estiveram no plenário por limitações de espaço.
Sem novidades
Em análise do cientista político, Kleber Carrilho, o discurso não apresentou nenhuma novidade, ainda que ele tenha exposto diversas críticas, todos os pontos já eram defendidos e esperados na fala do presidente.
“Foi um discurso esperado. Os valores que o presidente Lula acredita estão lá. Só que foi tão antecipado pela imprensa que não causou nenhum grande ‘rebuliço’. Todo mundo sabe que é aquilo que o presidente Lula acredita”, iniciou.
“Claro que ele criticou de forma veemente o que é o ano hoje, a dificuldade de interação da ONU com os conflitos internacionais, isso ficou claro no discurso, mas não houve muita novidade”, finalizou o especialista.
A Assembleia Geral da ONU, criada em 1945 pela Carta das Nações Unidas, é o principal órgão deliberativo da Organização, reunindo todos os 193 estados-membros com igualdade de voto. Suas sessões regulares ocorrem anualmente de setembro a dezembro, onde líderes discutem questões globais e formulam políticas internacionais.