Por: Gabriela Gallo

Após agressão, assessor de Marçal não pode se aproximar da vítima

O assessor do atual prefeito e candidato, Ricardo Nunes, após o soco que levou | Foto: Reprodução/vídeo

Faltando menos de duas semanas para o primeiro turno das eleições municipais, os debates para a prefeitura de São Paulo estão cada vez mais agressivos. Na noite desta segunda-feira (23), o cinegrafista e sócio do candidato Pablo Marçal (PRTB), Nahuel Medina, socou o rosto do marqueteiro do candidato Ricardo Nunes (MDB), Duda Lima. Ambos foram encaminhados para o 16º Distrito Policial de Indianópolis, e Medina foi liberado na madrugada desta terça-feira (24), após assinar um termo circunstanciado. Duda Lima registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal contra Medina.

A agressão aconteceu durante o debate no grupo Flow, que aconteceu em parceria com o Grupo Nexo, da Faculdade de Direito da USP. No final do debate, Pablo Marçal foi expulso do programa por descumprir três vezes seguidas regras do debate, mesmo após ser alertado pelo mediador de que não deveria insultar os demais candidatos. Desconsiderando o alerta, Marçal disse que uma de suas promessas de campanha seria prender Ricardo Nunes por um suposto caso de corrupção em merendas de creches. Ele foi expulso e a confusão começou, resultando na agressão contra Lima.

Duda Lima saiu sangrando do local em direção ao hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, onde teve que levar seis pontos no rosto, já que o soco cortou seu supercílio. Após o caso, ainda nesta terça-feira, a polícia civil de São Paulo determinou que a Justiça de São Paulo proíba Nahuel Medina de se aproximar a menos de 300 metros do publicitário.

Por um lado, a equipe de Ricardo Nunes acredita que o soco foi premeditado. Duda Lima afirma que orientou Nunes a não insultar Marçal, para que o candidato do MDB não saísse prejudicado e percebeu que Medina o estava filmando de perto. De acordo com Lima, ele disse para o videomaker abaixar a câmera e afastou o celular de Medina. Em seguida ele foi atingido no rosto. Segundo imagens que circularam, Lima estava olhando para baixo e não percebeu o ataque vindo.

Por outro lado, o sócio de Marçal alega que agiu em legítima defesa. Segundo Medina, ele foi gravar Lima para “mostrar como marqueteiros criam narrativas” e disse que Lima tentou agredi-lo para retirar a câmera e jogar o celular de Medina no chão. “Ele [Duda Lima] foi com toda a força em mim, jogou meu celular pra baixo, enfiou a mão na minha camisa e me arranhou até embaixo. Meu peito está todo vermelho”, disse o videomaker de Marçal.

Prejudicado?

Este é o segundo caso de agressão desde que o candidato José Luiz Datena (PSDB) jogou uma cadeira em Pablo Marçal durante um debate na TV Cultura, no último dia 15. E, apesar da agressão não ter partido do próprio Marçal, fica o questionamento se ele será penalizado por envolver alguém de sua equipe.

Do ponto de vista jurídico, o advogado especialista em direito penal Oberdan Costa disse que Pablo Marçal não deve ser prejudicado. “Como no direito penal a responsabilidade pelos atos é personalíssima e, por princípio constitucional, não pode ultrapassar a pessoa do agente que o praticou (o chamado princípio da intranscendência), não é possível imputar criminalmente a agressão de membro da equipe ao próprio Marçal”, explicou Costa para a reportagem.

Porém, do ponto de vista político, o consultor em análise política da BMJ Érico Oyama avalia que o episódio prejudica Marçal em ampliar seu eleitorado, especialmente para eleitores moderados.

“As pesquisas indicam que Marçal tem um eleitorado fiel, na faixa de 20%, e que não mudará de ideia, independentemente do que aconteça. Por sua vez, as polêmicas nas quais Marçal se envolve, e sua postura mais agressiva, travaram sua curva de ascendência diante da rejeição do eleitor moderado a tal comportamento. Por mais que Marçal não tenha piorado seu desempenho, há uma dificuldade de melhora nos números diante da resistência ampla que possui. Isso pode afetá-lo ainda mais caso vá para o segundo turno, pois dificilmente conseguirá aliança com algum dos candidatos derrotados diante dos atritos que tem com os principais concorrentes”, avaliou o analista político em conversa com o Correio da Manhã.

Pesquisa

Nesta terça-feira, foi divulgada a pesquisa Quaest de intenções de voto para a Prefeitura de São Paulo. Segundo a pesquisa, Luiz Datena se mostrou o candidato com maior número de rejeição (68%), seguido por Pablo Marçal e Guilherme Boulos (Psol), ambos com 50% de rejeição. A pesquisa ouviu 1.200 entrevistados entre 21 e 23 de setembro.

Em contrapartida, os candidatos Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal seguem liderando o pódio de intenções de votos – com, respectivamente, 25%, 23% e 20% das intenções de voto. Como a Quaest estima uma margem de erro de três pontos percentuais, para mais ou para menos, os três candidatos apresentam um empate técnico.