Por: Karoline Cavalcante

Lula anuncia Macaé Evaristo para o Ministério dos Direitos Humanos

Macaé é educadora e prima da escritora Conceição Evaristo | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciou nesta segunda-feira (9), a deputada estadual de Minas Gerais, Macaé Evaristo (PT), como a nova ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania. Ela assume o lugar de Silvio Almeida, que foi demitido na última sexta-feira (6) por denúncias de assédio sexual. Entre as vítimas, destaca-se a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou, na tarde desta segunda-feira (9/9), a deputada estadual Macaé Evaristo (PT-MG) para assumir o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Macaé Evaristo aceitou o convite”, divulgou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

Na nota da Secom, também foi informado que a nomeação seria publicada ainda nesta segunda-feira (6) em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

Diagnóstico

Depois do anúncio, Evaristo dirigiu-se à sede do ministério que comandará, onde, em conversa com jornalistas, afirmou que durante a primeira reunião da pasta, foi planejado realizar o diagnóstico das urgências. Ela também disse que já começou os trabalhos, mas que a posse deve ocorrer na próxima semana. Questionada sobre o contexto das denúncias do ministro anterior, ela afirmou que “é muito importante que os órgãos responsáveis façam as apurações devidas”.

“A conversa com o presidente Lula foi bastante tranquila. O presidente conhece já o meu trabalho e a grande questão do presidente Lula é que a gente possa fortalecer as políticas desse ministério que são muito importantes para o conjunto da sociedade. E quanto às denúncias, é muito importante que os órgãos responsáveis façam as apurações devidas”, iniciou.

“Eu acho que é preciso garantir o direito das pessoas, dos denunciantes, também garantir o amplo e pleno direito de defesa. E uma coisa que é muito importante é que a gente garanta a privacidade e o sigilo sobre os fatos, principalmente daquelas pessoas que foram lesadas”, acrescentou a nova ministra.

Em nota, o presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), parabenizou Lula pela indicação e elogiou a trajetória da profissional.

"Parabenizo o presidente Lula pela indicação da deputada mineira Macaé Evaristo para ocupar o cargo de ministra do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Macaé Evaristo possui uma trajetória marcada pelo trabalho exemplar desenvolvido na área da educação e na defesa dos direitos humanos", disse Pacheco.

Posteriormente à demissão de Silvio Almeida, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, foi designada para comandar o ministério de forma interina, até que a posse de Macaé se concretize. Essa mudança ocorreu porque a secretária executiva, Rita Cristina Oliveira, que cumpriria esse papel momentâneo, pediu para ser exonerada em apoio a Almeida.

Segundo apurações do Correio da Manhã, durante reuniões com ministros do governo para debater o caso, Lula teria demonstrado interesse em escolher uma mulher negra para assumir o cargo. Manteria, assim, o mesmo equilíbrio racial e ao mesmo tempo reduziria críticas que sofre desde o início do mandato pela baixa representação feminina em seu governo. Além de Macaé, era cotada para chefiar o MDHC a ex-reitora da Universidade Federal de Minas Gerais, Nilma Lino Gomes.

Macaé Evaristo

Graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Macaé é também mestre e doutoranda em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Evaristo é professora da Rede Municipal de Educação de Belo Horizonte desde 1984, quando tinha 19 anos, e foi a primeira mulher negra a ocupar os cargos de secretária de Educação de Belo Horizonte (2005 a 2012), e secretária de Educação de Minas Gerais (2015 a 2018). No governo Dilma Rousseff, foi secretária nacional de Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação entre 2013 e 2014.

Nas eleições de 2020, a petista foi eleita ao seu primeiro mandato como vereadora, pela Câmara Municipal de Belo Horizonte. Em 2022, assumiu o mandato de deputada estadual, pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, cargo este do qual precisará se licenciar para chefiar o ministério.

Além disso, Macaé é prima da renomada linguista e escritora, Conceição Evaristo, autora de “Canção para Ninar Menino Grande”, entre outros romances.