Em ato, Lula altera tabela do Imposto de Renda

Ao discursar presidente diz não haver "guerra" com Congresso

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Em ato no dia do trabalhador, presidente Lula sanciona isenção do imposto

Por Ana Paula Marques

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou decretos durante o ato do 1º de Maio organizado por centrais sindicais em São Paulo, nesta quarta-feira. Um deles foi sobre a tabela progressiva de isenção do Imposto de Renda (IR), agora, trabalhadores que ganham até dois salários mínimos estão isentos do imposto.

A isenção, aprovada pelo Congresso Nacional no mês passado, já estava valendo por meio de medida provisória. No entanto, com a sanção, a MP será revogada e a medida se torna lei. No seu discurso durante o evento ao lado de ministros e promovido por centrais sindicais na Arena Corinthians, em São Paulo, Lula afirmou manter a promessa de aumentar o patamar da isenção ainda em seu governo para quem ganha até R$ 5 mil.

"A economia brasileira já voltou a crescer, os salários já voltaram a crescer. Eu prometi a vocês que até o final do meu mandato, até R$ 5 mil, as pessoas não pagarão Imposto de Renda. A palavra continua em pé", afirmou Lula. O presidente também promete que fará um mandato melhor do que os outros dois. Além disso, Lula anunciou investimentos na indústria automobilística de R$ 129 bilhões, "algo que não acontecia há mais de 40 anos".

Aceno ao Congresso

Ainda durante o evento, Lula disse que a cobertura da imprensa "dá a impressão de que tem uma guerra entre o governo e o Congresso", mas que ele tem uma bancada progressista minoritária na Câmara dos Deputados e que precisou de alianças para governar.

"Fizemos alianças políticas para governar e, até hoje, todos os projetos que mandamos para o Congresso foram aprovados de acordo com os interesses do que o governo queria". O presidente acenou ao Congresso e elogiou os parlamentares pela aprovação da reforma tributária. Segundo Lula, as vitórias do governo se dão por competência dos ministros e dos deputados que "aprenderam a conversar" em vez de se odiarem.

Nos últimos dias, uma crise foi instaurada entre a articulação do governo e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ele chegou a chamar o ministro de relações institucionais, Alexandre Padilha, de incompetente e um desafeto pessoal. Após dias sem uma aproximação, o presidente Lula se reuniu com Lira e os ânimos foram acalmados.

Desoneração

Lula citou um dos motivos para os desentendimentos com o Congresso, a desoneração da folha de pagamento dos 17 setores da economia. O projeto havia sido aprovado pelo Congresso Nacional e vetado pelo governo. Em seguida, parlamentares derrubaram o veto de Lula.

"A gente faz desoneração quando o povo pobre ganha. Quando o trabalhador ganha. Mas fazer desoneração sem que eles sequer se comprometam a gerar o emprego, sem que eles sequer se comprometam a dar garantias a quem está trabalhando. Eu quero dizer: no nosso país não haverá desoneração para favorecer os mais ricos e sim para favorecer aqueles que trabalham e vivem de salário", disse Lula.

Economia

Em seguida, Lula listou as notícias positivas da economia, com destaque para a alta na criação de empregos com carteira assinada em março — dado divulgado nesta semana pelo Caged. O Brasil gerou 244,3 mil empregos formais.

Porém, outro dado divulgado também nessa semana demonstra que a taxa de desemprego do Brasil subiu para 7,9% no 1º trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da alta, esse é o menor nível de desocupação para o período desde 2014, quando foi de 7,2%.

Para o economista e professor de Mercado Financeiro da UnB, Cesar Bergo, o número não demonstra otimismo "mas o dado anual é muito substancial, mostra uma recuperação do mercado de trabalho, só que numa velocidade bem menor que 2023. Outro aspecto importante desses números é o aumento da renda".

O especialista explica que o cenário pode melhorar por meio do trabalho do governo junto ao Congresso. " Temos textos importantes em discussão como a reforma tributária, a tão necessária reforma administrativa e também outros aspectos que estão acontecendo agora, sobretudo com relação à desoneração da folha. Isso tem um peso fundamental nos próximos meses e deve ser objeto de crítica, porque sabemos que essa volta da desoneração da folha de pagamento pode implicar em demissões. Isso, de fato, pode pactar o mercado de trabalho e os números não serão bons nos próximos meses", explica.