Por: Gabriela Gallo

Aprovação do governo cresce no sul, mas com caráter temporário

Crescimento é reflexo de reações do governo às forte chuvas no RS | Foto: Ricardo Stuckert / PR

A última edição da pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira (08), evidencia que o país segue tão polarizado quanto antes. De acordo com a pesquisa, 50% dos entrevistados aprovam o trabalho do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto 47% desaprovam. Considerando a margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos, esta é a primeira vez que se registra um empate técnico no percentual da opinião dos entrevistados. A pesquisa entrevistou 2.045 pessoas, em 120 municípios, entre os dias 2 e 6 de maio.

No geral, a opinião dos entrevistados quanto ao governo federal se manteve estável em quase todas as regiões do Brasil, com exceção da região sul do país, o principal destaque da pesquisa. Em relação ao trabalho que o presidente Lula está fazendo, o sul registrou um aumento de 40% para 47% de aprovação, enquanto a desaprovação baixou de 57% para 52%. Quando questionados sobre uma avaliação geral do governo Lula, a região sul registrou um aumento da aprovação que variou de 25% para 34%. A avaliação negativa se manteve estável, de 42% para 41%, e a regular caiu de 31% para 25%. Não souberam ou não responderam a pesquisa, 1% dos entrevistados.

Enchentes RS
A região Sul tem um histórico de oposição ao governo Lula e seus aliados, o que torna o crescimento na avaliação positiva do governo como um destaque no levantamento. O principal motivo da avaliação se deve às respostas do governo frente às enchentes no Rio Grande do Sul. As fortes chuvas já contabilizaram 100 mortos, além de outros dois óbitos que estão sendo investigados, 130 desaparecidos e 374 feridos. As informações são da Defesa Civil do RS, divulgadas nesta quarta-feira (08). E a tendência é que o número de pessoas atingidas cresça ainda mais.

Na quarta-feira, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MDIR) autorizou o repasse de R$ 14,8 milhões para para 23 cidades gaúchas afetadas pelas fortes chuvas. Além disso, após o Congresso Nacional aprovar um projeto que flexibiliza o repasse de recursos ao estado, o governo federal definiu os valores destinados aos municípios. Cidades com até 50 mil habitantes vão receber R$ 200 mil. Para aquelas que têm entre 50 e 100 mil habitantes os valores são de R$ 300 mil reais. Municípios com mais de 100 mil pessoas poderão acessar R$ 500 mil reais.

Porém, essa avaliação positiva do estado frente ao governo não deve permanecer por muito tempo. Em conversa com o Correio da Manhã, o professor de Ciência Política no Centro Universitário UDF André Rosa, destacou que a avaliação foi feita em um momento de fragilidade da região, que clama uma opinião mais emotiva.

“A gente chama isso na ciência política de, dado um contexto de voto, como ‘voto emocional’ ou ‘propensão a uma opinião pública positiva através de fatores emocionais’. Ou seja, são fatores de curto prazo. Tal como tragédias, desastres, eles fazem com que um determinado agrupamento social forme a opinião pública em relação a um líder que esteja propenso a ajudar aquelas pessoas em vulnerabilidade”, explicou o cientista político.

Rosa citou como exemplo, quando o avião do então governador de Pernambuco, Eduardo Campos, caiu levando a sua morte, em 2014. Na epóca, a atual ministra do Meio Ambiente Marina Silva era vice de Campo e “teve um pico de popularidade onde ela foi líder nas pesquisas presidenciais”, porém esse pico não se sustenta por muito tempo. “Então é possível que a popularidade do presidente Lula tenha um pico nesse momento e depois ela volte a um percentual mais estável.A tendência é que ele diminua conforme os problemas forem sendo resolvidos”, pontuou.

Na mesma linha de pensamento, o também cientista político Tiago Valenciano destacou à reportagem que “pela primeira vez, na mesma pesquisa, alega-se que o governo está indo pra direção errada”. Em um campo da pesquisa da Quaest, 49% dos entrevistados alegaram que o governo federal não está indo na direção certa no comando do país.