Por: Ana Paula Marques

Aberto processo contra Glauber Braga

Processo contra Braga foi aberto pelo partido Novo | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

O Conselho de Ética abriu, nesta quarta-feira (24), um processo que pode levar à cassação do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) por ele expulsar à força da Câmara dos Deputados um militante do Movimento Brasil Livre (MBL). Na semana passada, circulou um vídeo que mostra o parlamentar empurrando e desferindo chutes no youtuber e influenciador Gabriel Costenaro, ligado ao movimento.

A representação foi feita pelo Partido Novo. A sigla pede a cassação do mandato de Glauber por “violação às normas que exigem respeito e decoro nas interações”. Ainda nesta quarta, o Conselho sorteou os três deputados da lista da qual será escolhido o relator da representação contra o parlamentar.

Dois dos três sorteados são do PL: Cabo Gilberto Silva (PB) e Rosângela Reis (MG). O terceiro é Sidney Leite (PSD-AM). O nome escolhido ficará responsável por reunir todos os documentos referentes ao caso e elaborar um relatório que os demais integrantes do órgão irão votar. Esse parecer é que pode sugerir ou não a perda do mandato de Glauber Braga.

O responsável por escolher um nome entre os três da lista é o presidente do Conselho de Ética, Leur Lomanto (União-BA). Braga chegou a questionar Lomanto sobre a possível retirada do nome do PL da lista, pois, segundo o deputado, o partido já expressou querer a cassação de seu mandato e, por essa razão, não o julgaria com imparcialidade. A resposta do presidente do Conselho foi que a questão já está superada e que o PL tem condições e legitimidade de ter um de seus deputados no colegiado como relator.

Sem arrependimentos

Ainda na mesma semana do ocorrido, Glauber Braga chegou a soltar nota na qual dizia não estar arrependido. “É a quinta vez que esse sujeito me provoca. Na quarta, no Rio de Janeiro, ele ameaçou a mãe de um militante do Psol, de mais de 70 anos, falando que sabia onde ela morava. Eles tentam no intimidar, tentam através do medo fazer com que a gente recue, mas nós não vamos recuar para militante fascista. Não me arrependo de nada do que fiz”, ressaltou o parlamentar.

Ao Correio da Manhã, o deputado disse que espera um julgamento justo “O MBL se comporta como uma milícia fascista e as agressões contra mim e outros militantes de esquerda têm sido reiteradas. Só esperamos um julgamento justo por parte do Conselho de Ética. A reação do agredido não pode ser confundida com a violência do agressor”, disse.

O caso

Na terça-feira passada (16), o influencer Gabriel Costenaro, integrante do MBL — movimento político de cunho liberal e conservador — estava junto de motoristas de aplicativo para protestar contra o projeto de lei que visa criar um pacote de direitos trabalhistas para os trabalhadores, mas que vem sendo criticado por eles mesmos por supostamente limitar possibilidades de trabalho. Segundo Glauber, o militante o teria provocado.

As imagens mostram o deputado em seguida chutando Costenaro e o empurrando até a saída. Com a confusão, foram conduzidos para o Departamento de Polícia Legislativa (Depol), onde o parlamentar do PSOL também discutiu com o deputado federal Kim Kataguiri (União-SP) , também ligado ao MBL. Ele precisou ser contido pelos policiais.

Costenaro é um dos nomes lançados pelo grupo como pré-candidato a vereador no Rio de Janeiro.