Por: Ana Paula Marques

Chiquinho Brazão diz que provará inocência

Brazão se declarou inocente do assassinato de Marielle | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Apontado pela Polícia Federal (PF) como mentor do assassinato da vereadora Marielle Franco, o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) participou, nesta quarta-feira (24) virtualmente de sessão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em seu discurso, Brazão disse ser inocente e que provará. Ele também declarou que espera uma "retratação" de quem o acusa do crime.

O deputado, preso há um mês, enfrenta também um processo que pode levar à cassação de seu mandato. Foi na análise que faz do caso o Conselho de Ética que Brazão teve a oportunidade de se manifestar. No início de abril, o parlamentar teve a prisão preventiva mantida pelo plenário da Casa, mas sem perder sua cadeira.

“O que posso falar em minha defesa é que sou inocente e que vou provar, né? E sei que não há muito o que dizer, porque, pela grande relevância desse crime, sei como a Câmara está nesse momento, o que está se passando com todos os deputados que aí estão”, disse Brazão.

Ele continuou: “Mas, ao final de tudo isso, ao provar minha inocência, aqueles que já ouvi em outros momentos, terão de se retratar futuramente em relação à minha família. Meus filhos, meus netos, meus irmãos, todos, com certeza, estão sofrendo muito devido à opinião popular. E a palavra de um deputado, o alcance é muito grande. Compreendo o momento que vocês estão passando, com uma grande mídia forçando em cima”.

Cassação

O pedido de cassação foi feito pelo Psol, que era o partido de Marielle. A sigla argumenta que manter o cargo de deputado poderia beneficiar Brazão e obstruir a Justiça. O parlamentar foi expulso do União Brasil em 24 de março, quando o mandado de prisão preventiva contra ele foi expedido pela polícia.

Junto com o deputado, a PF prendeu outras duas pessoas apontadas como os mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes em 14 de março de 2018: o irmão do deputado, Domingos Brazão, que era conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil fluminense. Segundo a investigação, a motivação para o crime seria a atuação da vereadora que teria começado a atrapalhar os interesses da família Brazão no Rio de Janeiro. Na época, Brazão era colega de Marielle na Câmara Municipal.

Lista tríplice

O processo de cassação ficará nas mãos do PT. A deputada federal Rosângela Reis (PL-MG), sorteada na última semana como possível relatora, desistiu de participar da lista tríplice, o que obrigou a um novo sorteio no colegiado. Ela não divulgou qual seria o motivo da desistência.

Por regra, em processos que pedem a cassação do mandato, três membros do Conselho de Ética são sorteados — e o presidente escolhe o relator a partir dessa lista.

Em seu lugar, foi sorteado o deputado Jorge Solla (PT-BA), que agora compõe a lista com os deputados Joseildo Ramos (PT-BA) e Jack Rocha (PT-ES). Rosângela é a quarta parlamentar que desistiu da relatoria do processo contra Brazão. Antes, os deputados Bruno Ganem (Podemos-SP), Ricardo Ayres (Republicanos-TO) e Gabriel Mota (Republicanos-RR) também pediram a retirada dos nomes.

Para a cientista política Stephannie Lopes, os deputados do PT não devem já agir incisivamente. “Ainda é um inquérito que precisa de muito cuidado. É muita pressão popular e muita visibilidade. Parlamentares desistiram por preferirem esperar desdobramentos do caso, agora é esperar pela relatoria do PT”, disse.

Presos

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, foi quem determinou que Brazão, seu irmão Domingos e Rivaldo fossem presos.

Para evitar que os três mantenham contato, Barbosa está preso em Brasília. Já Chiquinho está em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e Domingos em Porto Velho, em Rondônia.