Por: Ana Paula Marques

Em outro capítulo da briga, Moraes notifica X

Moraes segue sua refrega jurídica com Elon Musk e o X | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por Ana Paula Marques

O desenrolar da briga entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o bilionário dono do da rede social X (antigo Twitter), Elon Musk, ganhou mais um episódio. Em um despacho, Moraes determinou que a plataforma X deve se manifestar sobre os descumprimentos de decisão judicial que pedia os bloqueios das contas dos apontados em relatório da Polícia Federal no prazo de cinco dias.

Segundo o despacho publicado no sábado (20), o X autorizou transmissão de conteúdo ao vivo de investigados com perfis bloqueados por determinação da Justiça. Na última sexta-feira (19), o X no Brasil havia afirmado que "não houve habilitação do recurso de transmissão ao vivo (live) relativamente às contas e perfis objeto das ordens de bloqueio ou suspensão", ao responder a questionamentos dos agentes federais.

Entretanto, segundo a PF, as páginas bloqueadas, entre elas, o perfil do senador Marcos do Val (Podemos-ES), do blogueiro Allan dos Santos e dos comentaristas Paulo Figueiredo Filho e Rodrigo Constantino teriam feito transmissões, que aconteciam a partir de links colocados logo abaixo da descrição dos perfis bloqueados. Por isso, então, o ministro do STF intimou os representantes da rede social a dar explicações.

Os perfis bloqueados são de investigados pela Suprema Corte por disseminarem informações falsas sobre o sistema eleitoral e as instituições democráticas brasileiras. Essas transmissões ao vivo teriam ocorrido dias após Musk — que também passou a ser alvo de investigação — publicar uma série de críticas ao ministro Moraes e à democracia brasileira.

Manifestação

Outro episódio que se desenrolava, esse na cidade do Rio de Janeiro, levou a briga de Moraes e Musk às areias de Copacabana. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou o confronto entre os dois como mote de seu ato realizado no domingo (21). Em sua fala, Bolsonaro criticou o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e os ministros do governo. Mas seu principal ponto foi Musk, elogiado pelo ex presidente.

"Quando eu estive com Elon Musk em 2022, começaram a me chamar de 'mito'. Eu falei: 'Não. Temos um mito da liberdade, Elon Musk'", disse Bolsonaro, antes de pedir palmas para o bilionário.

Bolsonaro continuou, "Acusam, agora, o homem mais rico do mundo. O homem que nasceu na África do Sul, que foi naturalizado americano, que é dono de uma plataforma cujo objetivo dele é fazer com que o mundo todo seja livre. É um homem que realmente se preserva pela liberdade a todos nós. É o homem que teve a coragem de mostrar, já com algumas provas, outras virão com toda a certeza, para onde a nossa democracia estava indo. O quanto de liberdade nós já perdemos", disse.

Outro nome presente na manifestação, o pastor Silas Malafaia, não foi tão sutil nas críticas ao ministro do Supremo. "A partir de março de 2019, Alexandre de Moraes assume o inquérito imoral e ilegal das fake news. Por que é imoral e ilegal? Porque Moraes é vítima, delegado, procurador, investigador e juiz. Uma aberração jurídica. E por que é ilegal? Porque não tem a participação do Ministério Público", disse.

Malafaia completou, "Não é projeto de lei das fake news, é projeto de censura apoiado pelo PT, pela esquerda e por Alexandre de Moraes", declarou o pastor. "Em nenhuma nação democrática do mundo existe censura. Esse jogo safado de querer controlar rede social é para impor uma ditadura do crime de opinião", declarou o pastor.

Musk

Ainda no domingo, Musk voltou a criticar o ministro do STF. Em uma postagem após a manifestação convocada por Bolsonaro, Musk respondeu uma publicação de um usuário que questionava por que não havia manifestações a favor de Moraes.

"Ele — Alexandre de Moraes — é inimigo do povo e, portanto, da democracia", escreveu Musk na rede social.