Por: Mateus Souza

Ato de Bolsonaro homenageia Musk e critica STF

Ex-presidente Bolsonaro e Michelle acenando para a multidão de apoiadores que estiveram na orla carioca | Foto: Silvia Machado/Thenews2/Folhapress

Dezenas de aliados políticos e milhares de apoiadores estiveram presentes na manifestação, neste domingo (21), dia de Tiradentes, que foi convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O encontro dos opositores ao governo aconteceu entre a rua Bolívar e a avenida Atlântida, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Durante a manifestação, o pastor Silas Malafaia ganhou papel de destaque ao lado do ex-presidente. Além de ter sido o braço direito de Bolsonaro na organização do evento, o pastor falou por mais tempo em cima do trio e foi citado pela maior parte dos aliados. O posicionamento dos bolsonaristas seguiu a mesma linha: críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao governo Lula e elogios ao empresário Ellon Musk, dono do X, antigo Twitter.

Bolsonaro foi o último a discursar, logo após o pastor Silas Malafaia. De início, ele ergueu um celular, que afirmou ser um símbolo de liberdade de expressão, além do instrumento que o elegeu como presidente — já que a maior parte de sua campanha foi realizada pela internet.

“Aqui é liberdade de expressão. Com liberdade de expressão, um telefone deste e um filho ao meu lado, como marqueteiro, nós chegamos à Presidência da República”, disse Bolsonaro.

Em seguida, o ex-presidente insinuou que o presidente Lula é “amante de ditaduras e o maior ladrão da história”, além de “apoiador do Hamas”. Bolsonaro criticou a regulação da mídia e afirmou que os ministros empossados por ele foram superiores, em competência, aos escolhidos por Lula.

Musk

Ao citar Ellon Musk, Bolsonaro o descreveu como “um homem que realmente preserva pela liberdade e que teve a coragem de mostrar para onde a democracia brasileira estava indo” e pediu uma salva de palmas para o empresário.

Ele também criticou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível. Bolsonaro foi julgado pela reunião que fez com embaixadores na qual apresentou informações falsas e não comprovadas questionando as urnas eletrônicas e por abuso de poder ao transformam em comício atos em homenagem ao Bicentenário da Independência. Ele também insinuou que o Partido Liberal foi prejudicado por investigações arbitrárias da Polícia Federal.

“Foi aberto um inquérito pela Polícia Federal, em novembro de 2018, acusando-me de ter fraudado as eleições. E, acredite ou não, esse inquérito está aberto até hoje. Agora, quando o meu partido questiona algo pontual sobre as eleições de 2022, contra o atual mandatário, é arquivamento e multa de R$ 22 mil”, disse o parlamentar.

Eleitorado feminino

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi a primeira a falar com a multidão de apoiadores. Ela se diferenciou dos demais pronunciamentos, ao dialogar com o público feminino e citar valores familiares.

“Nós queremos passar uma mensagem para os homens e mulheres de bem que querem lutar por um país melhor para os seus filhos e netos. Há esperança de dias melhores para o nosso povo”, disse Michelle.

A ex-primeira-dama agradeceu às autoridades e aos apoiadores presentes. Além disso, mirando em uma possível candidatura, Michelle citou o PL Mulher — iniciativa do partido que afirma buscar “fortalecer o movimento feminino” — e direcionou a fala ao eleitorado.

“Mulheres femininas, mulheres fazendo uma política feminina e não feminista. Nós estamos aqui para fazer uma política colaborativa”, falou Michelle.

Malafaia

Em sua fala, o pastor Silas Malafaia defendeu Bolsonaro da acusação de tentativa de golpe. Adicionalmente, ele teceu críticas à imprensa, ao governo Lula, ao Supremo Tribunal Federal e ao presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD).

“Primeiro, eu quero destruir essa bandidagem de minuta de golpe. Essa safadeza capitaneada pelo grupo Globo”, disse o pastor.

Em seguida, Malafaia afirmou que não houve crime por parte de Bolsonaro, porque o documento enviado aos comandantes militares seria “sugestivo para análise”.

“A manchete (da matéria da Globo) diz assim: Bolsonaro propôs um documento para análise dos comandantes militares sobre GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e estado de sítio. Onde é que está a ilegalidade?”, questionou Malafaia.

O pastor ainda citou ocasiões em que o Partido dos Trabalhadores (PT) se opôs ao STF, nas condenações anteriores da Operação Lava Jato. E elencou críticas dos ministros ao partido governista.

“Se não fosse a Lava Jato, o PT ia ter dinheiro para vencer as eleições até 2038, palavras do ministro Gilmar Mendes. Depois, o atual presidente do STF, Luiz Roberto Barroso, no plenário, disse que a Lava Jato expôs um dos maiores esquemas de corrupção do mundo”, afirmou.

Malafaia defendeu os deputados federais Níkolas Ferreira (PL-MG) e Gilvan da Federal (PL-ES) — que foram indiciados. Ele também criticou a prisão do empresário Oswaldo Eustáquio e do ex-deputado federal Daniel Silveira. O pastor acusou Alexandre de Moraes de perseguir os aliados e chamou a atuação do ministro de “aberração jurídica”, por ter introduzido o “crime de opinião”. Além disso, ele acusou o magistrado de implementar uma ditadura no país.

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) afirmou que o Brasil é um exemplo para o mundo na luta pela liberdade. Além disso, o parlamentar dirigiu um trecho do discurso ao empresário Ellon Musk. Em inglês, ele afirmou: “Essa é uma mensagem para o mundo, olhe o que está acontecendo no Brasil hoje. O que você vê aqui é um povo que luta por democracia, que ama a liberdade e que não vai desistir para ditaduras”.

Já o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) fez críticas ao presidente Lula, ao citar os surtos de dengue no país, que, segundo ele, o presidente não conseguiu conter. Além disso, o parlamentar também citou Ellon Musk e a luta pela liberdade.

Semanas antes da manifestação, Bolsonaro realizou a divulgação do evento em várias postagens nas redes sociais, onde, desde a primeira campanha para a presidência, ele tem mantido a comunicação com seus apoiadores. Nos anúncios, o político expressou que o ato teria como propósito a defesa da democracia e da liberdade.