Por: Gabriela Gallo

Embate entre Lira e Padilha visa espaço no parlamento,diz especialista

Padilha diz que "não vai descer ao mesmo nível" que Lira | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Segue o cabo de guerra entre o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) e o ministro de Relações Institucionais do governo, Alexandre Padilha. Alvo do presidente da Câmara há um tempo, Padilha respondeu à imprensa que “não irá descer ao mesmo nível” que o parlamentar depois de Lira chamá-lo de “incompetente”. Ele ainda completou que não guarda rancor das palavras de Lira e que “aprendeu a fazer política com civilidade”. A declaração foi realizada nesta sexta-feira (12) em um evento no Rio de Janeiro sobre o mercado de energia.

"Sobre competência, deixo as palavras do presidente Lula que, no dia de ontem, falou sobre isso. Sobre o resto das palavras, eu não vou descer a esse nível. Eu sou filho de uma mãe alagoana, arretada, que sempre disse: ‘Meu filho, quando um não quer, dois não brigam. Sobre rancor, a periferia da minha cidade, São Paulo, produziu uma grande figura, o Emicida. Ele diz: 'Mano, o rancor é igual a tumor, envenena a raiz. Onde a platéia só deseja ser feliz'”, declarou Padilha à imprensa.

A resposta do ministro veio após críticas públicas de Lira ao ministro. No dia seguinte após a Câmara determinar a manutenção da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (Sem Partido-RJ) pelo assassinato de Marielle Franco, Lira foi questionado pela imprensa se a prisão do deputado simbolizou um possível enfraquecimento da liderança do deputado na Casa.

"Essa notícia foi vazada do governo e, basicamente, do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, um incompetente. Não existe partidarização [na análise da prisão de Brazão]. Eu deixei bem claro que ontem [quarta-feira] a votação foi de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver [com influência]", afirmou Lira.

Ainda na sexta-feira (12), o Partido dos Trabalhadores declarou que Arthur Lira “compromete a liturgia do cargo” e “ofende a harmonia entre os Poderes da República” ao atacar o ministro das Relações Institucionais. “O Brasil precisa de relações republicanas saudáveis para superar o atual estágio de beligerância provocado por atitudes que desafiam a convivência política e social”, afirmou o Diretório Nacional do PT, que reafirmou o apoio do partido ao ministro.

Embate
Não é a primeira vez que Arthur Lira teceu críticas a Alexandre Padilha. Desde o ínicio do ano, o presidente da Câmara demonstra estar insatisfeito com o trabalho de Padilha. Na época, foi especulado que Padilha fosse trocado do cargo, mas por enquanto, a previsão é que ele permaneça na pasta de Relações Institucionais.

E a prisão de Chiquinho Brazão representou uma queda de braço ainda maior entre as relações institucionais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Câmara dos Deputados. Principalmente porque Lira bancava uma absolvição do deputado, pelo menos no âmbito da Câmara dos Deputados.

Ao Correio da Manhã, o cientista político Tiago Valenciano pontuou que o embate dos dois pode representar uma busca de espaço dentro do parlamento, já que antes de ser ministro do governo Lula, Padilha (PT) foi eleito deputado federal pelo estado de São Paulo.

“Como Lira não pode acusar a Presidência da República — sobretudo quanto às emendas parlamentares, que é uma das reclamações de Lira – o deputado acaba elegendo Padilha como alvo dos ataques. O motivo de não atacar diretamente Lula (por parte de Lira) tem fundamento na dependência de emendas orçamentária”, explicou Tiago Valenciano à reportagem.

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