Por: Gabriela Gallo

Após crise com Rui Costa, Lula sai em defesa do ministro

Como primeira reação, Lula elogiou Rui Costa | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Após o ministro da Casa Civil Rui Costa (PT) voltar a ser palco de polêmica por conta de compras irregulares de respiradores durante a pandemia de covid-19 quando era governador da Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestigiou o ministro. Nesta quinta-feira (04) durante a inauguração da Estação Elevatória de Água Bruta Ipojuca, em Arcoverde (PE), o presidente Lula elogiou os ministros de seu governo e disse que Rui Costa pode ser classificado como “primeiro-ministro” do Brasil.

“Eu tenho um conjunto de ministros muito competentes. Esse aqui que é o chefe da Casa Civil é como se fosse o primeiro-ministro [do país]. Foi governador da Bahia durante oito anos, foi chefe de gabinete da Casa Civil do Jacques Wagner e agora é o meu ministro-chefe da Casa Civil”, disse o presidente, apontando para Rui Costa.

A declaração do presidente da República indica uma tentativa de blindar o ministro, especialmente porque o discurso aconteceu um dia após Rui Costa voltar a ser alvo por uma compra que fez quando era governador da Bahia e presidente do Consórcio Nordeste, durante a pandemia. A empresária Cristiana Prestes Taddeo, da empresa Hempcare, fechou um acordo de delação premiada, na qual acabou envolvendo diretamente o ministro. Em 2020, Rui Costa pagou R$ 48 milhões à Hempcare pela compra de 300 respiradores, que intermediaria a aquisição. A empresa é especializada na comercialização de medicamentos à base de cannabis e não tinha nenhuma experiência ou qualificação na importação de respiradores pulmonares. Rui Costa pagou pelo serviço adiantado, mas os equipamentos nunca foram entregues e o dinheiro nunca voltou aos cofres públicos.

Ainda no acordo de delação premiada, a empresária disse que a Polícia Civil da Bahia omitiu propositalmente o nome do então governador. As informações são do site UOL, divulgadas nesta quinta-feira (4). De acordo com Taddeo, os agentes que estavam à frente da investigação se recusaram a transcrever as citações ao nome do governador nos termos de depoimento durante a investigação.

Foi o próprio Rui Costa quem determinou a abertura de inquérito pela Polícia Civil sobre a compra dos equipamentos que jamais foram entregues. Inclusive, esse é o argumento da sua defesa. Dessa forma, a delação de Taddeo – caso seja comprovada – revela uma falha na argumentação da defesa de Costa.

Oposição

Apesar da tentativa do presidente Lula em blindar o seu ministro da Casa Civil, a polêmica pode servir como munição para a oposição contra o governo Lula.

Por meio das redes sociais, a ex-ministra da Mulher e dos Direitos Humanos senadora Damares Alves (Republicanos-DF) questionou quando Rui Costa será exonerado do cargo.

“Abri hoje o Diário Oficial da União para ver se já havia saído a exoneração do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ele era governador da Bahia no período da pandemia e ontem estourou um escândalo. Uma delatora afirmou que ele está envolvido nos desvios de recursos públicos destinados à compra de respiradores. Isso é muito sério. Quantas pessoas morreram por falta do respirador? Este homem não pode continuar ministro. Mas como tem edição extra do Diário Oficial, quem sabe não sai até o final do dia? Será que o presidente terá um pouco de juízo? E mesmo após a tão esperada queda do ministro, saibam que aqui no Senado vamos pressionar por uma investigação exemplar”, criticou a parlamentar.

O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL/RS) manifestou que a conexão da PF sobre a relação de Rui Costa “a contratos irregulares, milionários, na compra de respiradores pode ser só a ponta do iceberg”. Acusou o deputado: “É a corrupção que mata em série”.

Durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou as atuações do governo à época de Jair Bolsonaro no combate à covid-19, os parlamentares que hoje são de oposição manifestaram interesse para que a CPI investigasse as compras irregulares. Todavia, como eles minoria, não tiveram sucesso.

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