Por: Ana Paula Marques

Petrobras pode mudar comando

Prates vem se desentendendo com ministro | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Após uma sequência de desentendimentos com o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, pediu uma reunião “definitiva” com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para discutir sua situação no cargo.

Apesar de não ter uma data específica para o encontro, o rumor de que o comando da maior estatal do Brasil será trocado vem crescendo, o nome que ganha força para ocupar o lugar de Prates é o de Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Prates estaria insatisfeito com a falta de apoio de Lula aos ataques que tem recebido de integrantes do governo, especialmente Alexandre Silveira, e caso não tenha um respaldo maior do Executivo, a possibilidade é de que ocorra um pedido de demissão.

Por isso, um dos principais pontos que Prates pretende levar a Lula seria a suposta interferência de Silveira sobre o conselho da companhia.

O presidente da estatal ironizou os rumores de sua saída da empresa em uma postagem na rede social X (antigo Twitter). Na imagem postada, um interlocutor pergunta se ele vai sair da estatal. A resposta de sua assessoria foi a seguinte: “Acho que após às 20h20. Vai para casa jantar...E amanhã às 7h09 ele estará de volta na empresa, pois sempre tem a agenda cheia”.

Escalada da Crise

Desde o início do terceiro mandato de Lula, o relacionamento entre Prates e Silveira é marcado por embates. Os temas que rondam essa crise entre os dois são relacionadas com as pauta do governo, como preços dos combustíveis, distribuição de dividendos e retomada de investimentos da companhia.

As disputas entre os dois se concentravam inicialmente em aspectos técnicos, como a reinjeção de gás natural em poços de petróleo. As desavenças a partir daí só foram aumentando.

A saída de Prates passou a ser ventilada publicamente após a crise ocorrida na discussão sobre a distribuição dos dividendos da Petrobras. O Conselho de Administração da empresa resolveu reter os R$ 43 bilhões de lucros, colocados em uma reserva, em vez de pagar dividendos, o que foi interpretado pelo mercado como uma intervenção do governo na empresa, produzindo desvalorização nos preços das ações da estatal. Na época, Silveira propôs reter 100% dos ganhos extras, Prates tentou uma solução que agradasse ao mercado e à União, retendo apenas metade dos proventos para reserva e distribuindo a outra metade. Derrotado na discussão, Prates se absteve na reunião do conselho, o que à época gerou a irritação de Lula.

Na linha dessa recente crise, em uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o ministro Silveira reconheceu o conflito entre os dois.

“Sempre tive debates acalorados, verdadeiros. Mas debates transparentes sobre o que eu, como governo, defendo na Petrobras; e o presidente da Petrobras, naturalmente, defende como presidente de uma empresa. Os papéis são diferentes. Por isso há um conflito”, afirmou.

Na ocasião, ele criticou a postura de Prates em relação ao pagamento de dividendos extraordinários da Petrobras, ele também afirmou que se Prates tivesse seguido a orientação do governo, “não teria tido tanto barulho”. Além disso, o ministro da pasta de Energia também chegou a declarar que é possível agradar ao mercado e governo com “humildade, discrição e competência”. Perguntado se estava chamando Prates de incompetente, o ministro respondeu: “Deixo essa avaliação para o presidente Lula”.

Outro nomes

Além de Mercadante, outros nomes já vinham circulando no mercado como possíveis sucessores do executivo, como o da ex-diretora-geral da Petrobras, Magda Chambriard. Além dela, circularam os nomes de Miriam Belchior, ex-ministra-chefe da Casa Civil; Bruno Moretti, atual conselheiro da Petrobras, e Rodrigo Dubeux, secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda e candidato ao conselho de administração da companhia.

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