Por: Gabriela Gallo

Após polêmica por visita de Bolsonaro, embaixada demite funcionários

Bolsonaro é próximo de Viktor Orbán, da Hungria | Foto: Alan Santos

A Embaixada da Hungria no Brasil demitiu dois funcionários brasileiros que trabalhavam no local. O caso aconteceu pouco mais de uma semana após serem vazadas imagens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passando dois dias na Embaixada da Hungria, durante o feriado de carnaval deste ano. Apesar de a embaixada não ter justificado o motivo das exonerações, se especula que eles foram acusados de serem os responsáveis pelo vazamento das imagens do circuito interno, já que eles tinham acesso ao monitor que exibia as imagens em tempo real. O material ficava gravado em uma sala que não era trancada, mas o acesso às gravações exigia uma senha.

Os vídeos das câmeras de segurança internas do local foram divulgados pelo jornal americano The New York Times em 25 de março.

Pouco antes da estadia de Bolsonaro na embaixada, a Polícia Federal deflagrou a Operação Tempus Veritatis, em 8 de fevereiro, que investigava envolvidos em uma tentativa de Golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito para manter o ex-presidente no poder. Jair Bolsonaro se tornou um dos alvos da investigação e teve seu passaporte apreendido.

Dessa forma, as imagens que o flagraram dormindo dois dias na embaixada levantam suspeitas de que Bolsonaro estava buscando abrigo e proteção na embaixada da Hungria, temendo que fosse preso. Dentro da embaixada, ele não poderia ser alvo de prisão preventiva, já que o espaço diplomático húngaro não responde à legislação brasileira e é considerado um “território estrangeiro”. Nessa teoria, como não foi expedido um pedido de prisão contra o ex-presidente, ele deixou a embaixada dois dias depois.

Na última semana, o embaixador da Hungria, Miklos Halmai, foi convocado pelo Itamaraty para esclarecer a estadia do ex-presidente no local. No mesmo dia ele também foi chamado pela secretária de Europa e América do Norte do Itamaraty, Maria Luísa Escorel, para uma reunião. Assim como a defesa do ex-presidente, o embaixador disse que o encontrou foi um convite para manter boas relações diplomáticas entre os dois países, já que o Primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, é alidado de Jair Bolsonaro.

Defesa

Os advogados de Bolsonaro enviaram uma petição afirmando que ele não tinha a intenção de fugir da Justiça e que se hospedou na embaixada para manter contato com o governo húngaro. A defesa ainda citou uma proximidade entre Bolsonaro e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán. “[Bolsonaro] tem uma agenda de compromissos políticos extremamente ativa com lideranças estrangeiras alinhadas com o perfil conservador", afirmaram.

“Nesse contexto, o peticionário [Bolsonaro] mantém a agenda política com o governo da Hungria, com quem tem notório alinhamento, razão por que sempre manteve interlocução próxima com as autoridades daquele país, tratando de assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador”, completou o documento.

Os argumentos da defesa de Bolsonaro são avaliados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que tem até esta sexta-feira (05) para se manifestar sobre o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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