Por: Gabriela Gallo

Visita de Macron ao Brasil termina com clima amigável entre os países

O presidente francês Emmanuel Marcon afirmou que o clima de sua viagem ao Brasil foi de casamento. Em sua passagem por Brasília, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, condecorou Macron com a Grande Colar da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, no Palácio do Planalto. Desde desde 1932, a honraria é destinada exclusivamente a personalidades não brasileiras, sendo a mais alta condecoração concedida a um estrangeiro. Apesar da troca de presentes e clima de matrimônio, Brasil e França seguem com posições geopolíticas divergentes. | Foto: Ricardo Stuckert

Após passar por Belém (PA), Rio de Janeiro e São Paulo, o presidente da França Emmanuel Macron encerrou sua visita de três dias ao Brasil no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (28), véspera de feriado. Ele foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No encontro, eles discutiram assuntos em que os dois países discordam no campo da política internacional, como o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

O presidente brasileiro julgou os encontros como “uma amplitude dos laços de cooperação e amizade entre a França e o Brasil”. “Dentre as potências tradicionais, nenhuma é mais próxima do Brasil do que a França. No atual contexto de grande complexidade do cenário internacional, o diálogo entre nossos países representa uma ponte entre o Sul Global e o mundo desenvolvido, em favor da superação de desigualdades estruturais e de um planeta mais sustentável”, manifestou o presidente.

No encontro, o presidente francês elogiou a atuação do Brasil na tentativa de defesa da democracia após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília. “Ninguém está a salvo de forças de sistemas que venham a estremecer a democracia. A força democrática do Brasil venceu e retomou todos equilíbrios. Quero agradecer pelo combate e resistência, bem como pela forma como restaurou a democracia no Brasil”, disse.

Em um tom diplomático, Macron ainda elogiou os modelos econômicos brasileiros voltados ao combate à inflação e à reposição de energia sustentável. “A confiança em nossas economias e democracia nos une”, reiterou. Durante sua visita à Belém no Pará, o mandatário francês visitou a floresta Amazônica e se comprometeu em reforçar o combate ao desmatamento e fechou um acordo de cooperação para a Amazônia com o governo brasileiro de até 1 bilhão de euros, o equivalente a R$ 5,4 bilhões em investimentos públicos e privados. Os investimentos serão voltados para bioeconomia na Amazônia nos próximos quatro anos, tanto para a floresta em território brasileiro como para a parte que está na Guiana Francesa, território francês.

Análise
No entanto, apesar dos encontros entre os presidentes aparentar ter rendido bons resultados entre o Brasil e a França, ao Correio da Manhã, o cientista político internacional Kleber Carrilho não se manifestou otimista, dado ao atual momento geopolítico global.

“Quando o Macron vai para o Brasil ele leva essa possibilidade de ser a ponte entre a União Europeia e o sul global. E o Brasil é um país importante nesse aspecto, até porque o Brasil tem uma relação mais estreita com a Rússia nos BRICS. Então ele faz esse contraponto anti-Putin na União Europeia, e principalmente às vezes apoiando uma participação mais efetiva da França e da OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] no conflito na Ucrânia, então ele está fazendo esse contra-balanço”, explicou o analista sobre a visita do presidente francês.

“Porém, o Macron é contra este acordo que está sendo desenhado entre a União Europeia e Mercosul e falou isso muito claramente no encontro que teve na Fiesp, inclusive com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin. Então, também é uma tentativa de dizer para o Brasil: ‘olha, podemos costurar um acordo fora do Mercosul’. O problema é que Lula quer ser esse líder regional e isso inclui ser o líder do Mercosul”, destacou o cientista político.


Venezuela
Outro destaque no encontro entre Lula e Macron no Palácio do Planalto foi o posicionamento do presidente acerca das eleições na Venezuela, território em que o presidente evitava se posicionar sobre o assunto.
Durante a cerimônia de recepção ao presidente francês, Lula avaliou como "grave" o fato de Corina Yoris, principal opositora do atual presidente Nicolás Maduro, não ter conseguido registrar sua candidatura à presidência da Venezuela. Yoris não conseguiu inscrever a candidatura no prazo previsto e ficou impedida de concorrer nas eleições deste ano.


"Ela não foi proibida pela Justiça. Me parece que ela se dirigiu até o lugar e tentou usar o computador, o local, e não conseguiu entrar. Então foi uma coisa que causou prejuízo a uma candidata. O dado concreto é que não tem explicação. Não tem explicação jurídica, política, você proibir um adversário de ser candidato”, criticou Lula.

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