Por: Rudolfo Lago

Mais uma demissão na Saúde de Nísia: a quinta

Cinco demissões aconteceram na Saúde desde o dia 18 | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Com a gestão em crise e cobrada pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério da Saúde exonerou nesta terça-feira (26) mais um integrante da equipe da ministra Nísia Trindade. A informação foi dada pela colunista Andrezza Mattais, no site UOL. Desta vez, a exoneração foi de Carmen Pankararu, diretora do Departamento de Atenção Primária à Saúde Indígena. Ela é a quinta pessoa da equipe de Nísia exonerada desde a reunião ministerial convocada por Lula na segunda-feira (18) para cobrar os ministros pela queda na popularidade do governo. As maiores cobranças foram feitas sobre Nísia.

No dia seguinte (19), Lula chamou novamente a ministra e sua equipe ao Palácio do Planalto. O presidente demonstrou insafistação com os resultados na saúde, e disse a ela que fizesse as demissões que achasse necessárias. Saíram, então, do ministério Nésio Fernandes (ex-secretário de Atenção Primária), Helvécio Magalhães (ex-secretário de Atenção Especializada), Alexandre Telles (diretor de Gestão Hospitalar), Andrey Roosevelt Chagas (diretor), e agora Carmen Pankararu.

Helvécio e Telles foram exonerados depois de denúncias de irregularidades na gestão dos hospitais federais no Rio de Janeiro. Como mostrou o Correio da Manhã na segunda-feira (25), Helvécio também fez defesas da revogação de uma portaria que reduzia em quase três vezes os preços praticados na compra de OPMEs (Órteses, Próteses e Materiais Especiais) na área cardiológica, retornando os valores anteriores, bem mais altos. Desde a sexta-feira (22), o Correio pede explicações técnicas ao Ministério da Saúde sobre a revogação, sem, no entanto, obter resposta.

Pelo DOU

Carmen Pankararu estava em viagem de trabalho, na cidade de Santarém (PA) na terça-feira. À colunista Andrezza Mattais, ela disse ter sabido da sua exoneração pelo Diário Oficial da União (DOU). “Ainda não fui consultada nem comunicada pelo meu secretário”, disse Carmen, referindo-se ao secretário de Saúde Indígena, Ricardo Weibe.

“Não sei se a ministra está informada. Nem o Berger [Swedenberger Barbosa, secretário-executivo do ministério]”, continuou. “Não acredito que eles tenham participação nisso”.

Carmen Pankararu foi chefe de gabinete na Secretaria de Saúde Indígena no governo Dilma Rousseff. Foi também presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Saúde Indígena.

Yanomami

A saúde indígena, porém, tem sido apontada como um dos pontos de fragilidade da gestão de Nísia. O governo denunciou a precariedade na situação na região Yanomami, assolada por doenças levadas por garimpeiros. Foi decretado estado de emergência em saúde na região. Mas há críticas de que a situação demora a melhorar.

Um dos pontos polêmicos em discussão na Secretaria de Atenção à Saúde Indígena é a criação da Agência Brasileira de Apoio à Gestão do SUS (AgSUS), que centralizaria ações na área indígena que hoje estão pulverizadas. Carmen Pankararu defende a criação da agência.

Há outros problemas identificados. A falta de transparência em repasses para municípios foi apontada pelo Correio da Manhã, ao denunciar o repasse de R$ 55 milhões para a prefeitura de Cabo Frio, exatamente um mês antes de o filho de Nísia Trindade, Márcio Lima Sampaio, tornar-se secretário de Cultura no município. Parlamentares pedem explicações técnicas para os repasses, que beneficiariam mais municípios aliados. Pediram informações ao ministério, que não as teria dado de maneira satisfatória. O Correio da Manhã também pediu essas explicações, mas não as obteve.

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