Por: Ana Paula Marques

Após apreensão de passaporte, Bolsonaro foi para embaixada da Hungria

Bolsonaro passou dois dias na embaixada da Hungria | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Por Ana Paula Marques

Após ter sido alvo da operação da Polícia Federal (PF) sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, em que seu passaporte foi confiscado, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) passou dois dias hospedado na embaixada da Hungria, em Brasília. De acordo com imagens da câmera de segurança obtidas pelo jornal norte-americanoThe New York Times, Bolsonaro ficou entre os dias 12 e 14 de fevereiro no local.

Segundo o jornal, Bolsonaro foi à embaixada quatro dias depois da apreensão documento, durante o carnaval. O ex-presidente é alvo de sete investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), e caso tivesse um mandado de prisão expedido em seu nome, ele não poderia ser preso em nenhuma embaixada, já que esses locais são considerados territórios estrangeiros, legalmente fora do alcance das autoridades brasileiras.

As imagens mostram Bolsonaro acompanhado de dois seguranças, do embaixador da Hungria no Brasil, Miklós Halmai, e de outros membros da equipe diplomática. Logo no primeiro dia de estadia do ex-presidente, funcionários da representação diplomática aparecem carregando roupas de cama, água e outros itens para a área residencial da embaixada. No dia seguinte, Bolsonaro aparece nas imagens passeando pelo estacionamento do local com um de seus seguranças.

Defesa

A PF irá investigar a permanência do ex-presidente na embaixada, para verificar se a intenção do ex-presidente era pedir asilo político à Hungria. Apesar de confirmar a estadia de Bolsonaro, a defesa afirmou que o ex-chefe do Executivo teria ido ao local para "manter contatos com autoridades do país amigo". A nota não esclarece por que ele ficou hospedado na embaixada.

Em nota, a defesa relembra o relacionamento próximo de Bolsonaro com o premier húngaro. "Como é do conhecimento público, o ex-mandatário do país mantém um bom relacionamento com o premier húngaro, com quem se encontrou recentemente na posse do presidente Javier Milei, em Buenos Aires. Nos dias em que esteve hospedado na embaixada magiar, a convite, o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo, atualizando os cenários políticos das duas nações".

A defesa concluiu a nota negando a alegação feita pelo jornal de que a estadia na embaixada sugere que o ex-presidente estava tentando usar de sua amizade com o primeiro-ministro Viktor Orbán, da Hungria, — líder de extrema-direita em seu país — para buscar asilo.

"Quaisquer outras interpretações que extrapolem as informações aqui repassadas se constituem em evidente obra ficcional, sem relação com a realidade dos fatos, e são, na prática, mais um rol de fake news", conclui a defesa.

Medo

Para o advogado e analista político, Melillo Dinis, apesar de ser uma evidência clara de medo, não significa que Bolsonaro assumiu uma "culpa".

"É um direito de qualquer pessoa pedir asilo quando se sentir perseguida por suas opiniões políticas", explica.

O especialista explica que, apesar disso, Bolsonaro é investigado e por isso, uma possível tentativa de fuga deve ter uma reação direta da Polícia Federal. "As consequências agora devem vir através de mais medidas cautelares. Além do passaporte que está retido desde fevereiro, as autoridades podem pedir que o ex-presidente se apresente periodicamente à justiça, use tornozeleiras ou até mesmo um pedido de prisão preventiva", explica.

Ainda nesta segunda-feira (25) o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que parlamentares do PT — partido opositor ao de Bolsonaro — entraram com representação no Ministério Público pedindo a prisão preventiva do ex-presidente, segundo o deputado por tentativa de fuga.

"Ele tava ali para fugir da aplicação da lei penal, do inquérito que vai acabar com a sua condenação. Alguma coisa tem que ser feita. Entrei no Ministério Público com representação agora" disse o deputado ao site UOL.

 

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