Por: Ana Paula Marques

Advogados de Ronnie Lessa abandonam defesa

Assassinato de Marielle: seis anos sem esclarecimento | Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Após a delação premiada do Ronnie Lessa ser homologada no Supremo Tribunal Federal (STF), os advogados que fazem a defesa do ex-policial militar anunciaram, nesta quarta-feira (20), que irão abandonar o caso. Lessa é réu pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Os advogados Bruno Castro e Fernando Santana afirmaram em nota que “não atuam para delatores”, e que Ronnie Lessa, preso desde março de 2019, já tinha sido avisado dessa condição. “Por ideologia jurídica, nosso escritório não atua para delatores. Não atuar para delatores é uma questão principiológica, pré-caso, e nada tem a ver com qualquer interesse na solução ou não de determinado crime”, descreveu a defesa em nota.

A homologação da delação, feita pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi anunciada na última terça-feira (19) pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Na coletiva de imprensa, ele afirmou que não teve acesso ao conteúdo, já que o caso tramita em segredo de Justiça. Mas declarou que a delação traria “elementos importantíssimos” e que a conclusão do caso será anunciada em “breve”.

Nota

Os agora ex-advogados de Lessa esclareceram que não foram chamados pelo réu investigado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco, para participar do processo de delação.“Nesse cenário, apresentaremos renúncia ao mandato em todos os doze processos que atuamos para ele, ou seja, a partir de hoje não somos mais advogados de Ronnie Lessa”, dizem os advogados.

O processo de Lessa é analisado pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes, sorteado como relator do caso. A investigação sobre o assassinato da vereadora avançou nas últimas semanas e chegou à menção mesmo de de nomes de parlamentares, como o deputado federal do Rio de Janeiro Chiquinho Brazão (União Brasil). Além dele, outro nome com foro privilegiado também teria sido citado durante a investigação.

A citação fez com que o caso saísse do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e fosse enviado para o STF. Ainda no anúncio do Lewandowski, ele afirmou que a delação foi homologada após o ex-policial militar ter passado por uma audiência com o juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes.

Seis anos

No último dia 14 de março, o crime completou seis anos. A polícia investiga quem são os mandantes das mortes de Marielle e Anderson Gomes. Eles voltavam de um evento em que a vereadora palestrou quando um carro prata emboscou o veículo em que estavam e 14 tiros foram disparados contra os dois. Nada foi roubado.

Além de Lessa, o ex-policial militar do Rio de Janeiro Élcio Vieira de Queiroz assumiu a coparticipação no crime. Ele tem histórico de envolvimento em crimes, sendo um dos 45 integrantes das Polícias Civil e Militar do Rio presos, na Operação Guilhotina, de 2021, por envolvimento em corrupção, participação em milícias, desvio de armas e venda de proteção a bicheiros, narcotraficantes e contrabandistas. Na época, Queiroz atuava no 16.º BPM, em Olaria, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

Segundo a delação de Queiroz à Polícia Federal (PF), Lessa foi o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson. Ainda segundo as investigações da PF, após executar Marielle, os investigados teriam jogado pedaços da placa do veículo utilizado no crime nas linhas férreas dos trens urbanos do Rio, para destruir as provas.

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