Por: Rudolfo Lago

Delação de Ronnie Lessa homologada: caso Marielle perto do fim

Lewandowski anunciou a homologação da delação | Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Quem mandou matar Marielle? A pergunta que durante meses estampou a capa do Correio da Manhã parece estar próxima de ser respondida. No início da noite desta terça-feira (19), o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, informou que o ministro Alexandre de Moraes, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) do caso que apura o assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol), homologou a colaboração premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, preso como um dos suspeitos de participação no crime. As informações preliminares são de que Ronnie Lessa, nessa colaboração, indica quem foi o mandante do assassinato. E por que razões queria ver Marielle morta.

Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram assassinados no Rio de Janeiro no dia 14 de março de 2018. As investigações apontam Ronnie Lessa como o assassino de fato, aquele que atirou contra Marielle e Anderson dentro do carro em que ambos estavam em uma rua do centro do Rio.

Prisões

Inicialmente, a investigação ficou a cargo da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Depois, a Polícia Federal entrou no caso. Em março de 2018, Ronnie Lessa e o também ex-policial militar Élcio Queiroz são presos e denunciados por homicídio doloso.

Em junho de 2020, foi preso o sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Corrêa, conhecido como “Suel”. Ele teria ajudado a esconder a arma do crime. Em fevereiro deste ano, foi preso Edilson dos Santos, conhecido por “Orelha”, dono de um ferro-velho, onde teria sido feito o desmanche do carro usado no crime.

Executor

Queiroz também fez uma delação. E foi ele quem apontou Ronnie Lessa como tendo sido o executor do assassinato. Segundo ele, o policial militar Edmilson da Silva Oliveira, tido por “Macalé”, é quem teria passado para Ronnie Lessa a “missão” de matar Marielle, ainda no fim de 2017. Macalé foi assassinado em maio de 2021, em caso até hoje não esclarecido.

O processo segue em segredo de Justiça e não há detalhes sobre o que Ronnie Lessa falou em sua colaboração. Mas dificilmente a delação teria sido homologada por Alexandre de Moraes se o depoimento não fosse consistente e esclarecedor sobre o crime. Em casos assim, a delação só é homologada quando pelo menos parte do testemunho já é corroborado por outras investigações.

O fato de o anúncio da homologação ter sido feito pelo ministro da Justiça reforça ainda mais a sensação de que o depoimento é consistente. Ao anunciar, Lewandowski ainda reforçou que a colaboração coloca o caso muito perto do seu desfecho. “Nós sabemos que essa colaboração premiada, que é um meio de obtenção de provas, traz elementos importantíssimos, que nos levam a crer que em breve teremos a solução do assassinato ”, disse Lewandowski.

Milícias

Embora ainda seja necessário conhecer o detalhamento do depoimento de Ronnie Lessa, tudo indica que o crime tem relação com as milícias que atuam no Rio de Janeiro, e que Marielle combatia.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, comentou o anúncio feito por Lewandowski como um “sinal de esperança”.

“Minha mãe está comigo em Brasília. Estávamos as duas assistindo”, relatou Anielle. “Mais um passo dado, e confiamos nesse trabalho que está sendo desenvolvido. Esperança de mais um passo dado e algo concreto em breve”.

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