Por: Gabriela Gallo e Murilo Adjuto

Após fala polêmica de Rui Costa e governo se afastar da base do funcionalismo, Ministro da Casa Civil é questionado sobre eleitorado evangélico

Lula quer mais resultados dos ministros do seu governo | Foto: Ricardo Stuckert

Por Gabriela Gallo

Após uma queda na popularidade de seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, nesta segunda-feira (18), com os ministros para discutirem estratégias para reverter o prejuízo. O encontro aconteceu no Palácio do Planalto. O ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, não estava presente porque está viajando pela Palestina e demais países do Oriente Médio. O principal pedido do presidente é que os ministros se empenhem para cumprir as medidas anunciadas previamente e, principalmente, que elas sejam divulgadas de forma acessível para a população.

Na última sexta-feira (15), um levantamento da Quaest apontou que o atual governo Lula é avaliado negativamente por 34% dos entrevistados. Em dezembro, o índice era de 29%. Os principais motivos da queda são o aumento no preço dos alimentos, declarações de Lula a respeito da guerra entre Israel e o grupo Hamas em Gaza e das eleições venezuelanas, e falhas na área da segurança. Além disso, há uma avaliação de que o governo não consegue fazer acenos aos eleitores de centro e mais conservadores.

Na reunião de segunda, Lula reconheceu medidas positivas realizadas pelo governo federal. No entanto, destacou que elas ainda são insuficientes. "Todo mundo sabe também que ainda falta muito para a gente fazer. E muito não é nada estranho. É tudo aquilo que nós nos comprometemos a fazer durante a disputa eleitoral. E vocês percebem o quão pouco nós fizemos e, ao mesmo tempo, o quão muito nós fizemos", disse Lula.

Comunicação

O principal ponto criticado pelo presidente Lula são falhas na comunicação entre o governo e a população. Lula pediu um esforço conjunto de seus ministros para que tentem "traduzir" o que tem sido feito. Para o presidente, muitas vezes a população não entende que certa melhoria na sua vida é consequência de alguma ação do governo.

Ao Correio da Manhã, o cientista político Rócio Barreto reforçou a necessidade do governo em melhorar sua comunicação. "Hoje, o presidente Lula e o governo do presidente Lula está com uma comunicação fraquíssima. Ele tem perdido seguidores nas redes sociais, o que influencia bastante [a popularidade dele]. Fazer e mostrar de uma forma que as pessoas entendam é importante, não apenas fazer e não mostrar. Mas é necessário mostrar de uma forma que seja compreensível a todos", destacou Barreto.

Desafios

O professor de Ciência Política na Universidade do Distrito Federal (UDF) André Rosa, disse que o principal desafio do governo federal "é movimentar os palanques regionais para dar uma base de sustentação maior para o Planalto, já visando às eleições de 2026".

"As eleições, principalmente para vereador, são primordiais para uma sobrevivência maior do PT em 2026", reiterou.

André Rosa também pontuou como desafios a regulamentação do IFood e dos aplicativos - já que parte da população teme que isso encareça os serviços -, a inflação dos alimentos, a ascensão da popularidade de Jair Bolsonaro após o evento de 25 de fevereiro na Avenida Paulista e as eleições nos Estados Unidos. "Tudo isso junto traz uma certa queda de popularidade", completou.

O cientista político Rócio Barreto ainda pontuou que "também há a necessidade de que o presidente Lula tenha um pouco mais de carisma ao comentar situações internacionais para que lhe dêem a resposta de imediato". Ele se refere à fala de Lula sobre a guerra no Oriente Médio em que o presidente comparou a atuação de Israel com o Holocausto.

Religião

Aliados do presidente também apontam a falta de uma coordenação política a respeito do eleitorado evangélico. Durante seu discurso na reunião ministerial, Lula afirmou que a religião está sendo "manipulada de forma vil e baixa" no país. "Um país em que a religião não seja instrumentalizada como um instrumento político de um partido político ou de um governo. Que a fé seja exercitada na mais plena liberdade das pessoas que querem exercê-la. A gente não pode compreender a religião sendo manipulada da forma vil e baixa como está sendo neste país", declarou.

Na coletiva de imprensa após a reunião, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, foi questionado se a fala do presidente foi uma tentativa de se aproximar com o eleitorado evangélico. Rui Costa respondeu que o presidente "quer se aproximar do povo brasileiro e de todas as religiões".

"O que o presidente quer, como todos nós concordamos, é que a fé e a crença das pessoas não podem ser usadas em disputas políticas partidárias", afirmou o ministro.

 

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